28 set 2015 | 09h 11m 52s
Cafezal da O’Coffee, em Pedregulho (SP); chuvas intensas no começo de setembro permitiram as primeiras floradas
As chuvas intensas nas regiões produtoras de café do Sudeste do país no começo deste mês permitiram a abertura das primeiras floradas da safra 2016/17. Entre produtores e analistas, todos concordam que é cedo para fazer previsões para a próxima safra. Até porque outras floradas são esperadas para outubro e novembro. Mas um fator já entrou no radar: as temperaturas elevadas que vêm afetando as regiões produtoras de café atualmente.
“As chuvas foram intensas e as floradas estão dentro do esperado”, afirma Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar. Ele alerta, porém, que se as temperaturas ficarem acima de 34 graus “por vários dias no período de 20 dias após o florescimento” pode haver o abortamento dos frutos, o que tem potencial para interferir na produção. A situação, contudo, não é generalizada. Quando há o abortamento, surge uma nova florada.
Segundo José Edgard Pinto Paiva, presidente da Fundação Procafé, as chuvas atingiram 100 milímetros no Sul de Minas e em São Paulo. “As chuvas foram boas”. Mas ele diz que há casos de ferrugem em cafezais das regiões de cultivo, o que também pode afetar a produção.
Ricardo Lima de Andrade, superintendente da Cocapec, de Franca (SP), também considera que as chuvas na região da cooperativa foram “adequadas”, mas pondera: “florada não é certeza de café dentro da saca”.
Na região da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), onde a colheita da safra 2015/16 praticamente terminou, as chuvas foram substanciais, alcançando entre 90 e 120 milímetros, de acordo com o presidente da cooperativa, Carlos Alberto Paulino da Costa. “A florada está muito bonita. Agora, é preciso mais chuvas para ver se vai virar frutos”, afirma.
Segundo ele, os cafezais da região do Triângulo Mineiro e do Cerrado, que tiveram uma safra ruim em 2015/16, apresentam uma boa florada. Já nas que tiveram bom desempenho na produção, a florada tem menos viço.
A razão para isso, de acordo com Santos, da Somar, é que num ciclo de boa produção todo o alimento vai para os frutos e a parte vegetativa do cafeeiro não se desenvolve muito. Assim, não consegue dar muitos frutos no ciclo seguinte.
Ainda que seja cedo para previsões, o presidente da Cooxupé diz acreditar em “um ano de produção maior, mas não espetacular”. Na safra que acaba de ser colhida na região da cooperativa, a produção deve ficar em 8 milhões de sacas.
De acordo com a Somar, a previsão é de chuvas mais regulares em outubro no Sul de Minas e em São Paulo.
Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Fonte : Valor