AGRONEGÓCIOS
29/09/2009
Mauro Zanatta, de Brasília
A receita para elevar as exportações brasileiras do agronegócio, sobretudo nos segmentos de alimentos e bebidas, passa pela consolidação das vendas de produtos básicos em países da África e da Ásia, além do avanço em nichos dos chamados produtos “premium” em mercados da Europa e da América do Norte.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) identificou, em um minucioso estudo, as oportunidades emergentes e recomendou as estratégias de ocupação dos principais mercados a 120 empresários que devem participar da maior feira mundial do setor na Alemanha (Anuga), em meados de outubro.
Foto Destaque
A tática para driblar barreiras e roubar mercados de concorrentes prevê a antecipação das negociações com os importadores, a criação de uma ampla rede de logística de distribuição e a diversificação do leque de produtos.
O estudo da Apex identificou, por exemplo, uma preocupante perda de participação dos exportadores de carne bovina em importantes mercados da Europa nos últimos cinco anos. Os mercados “em risco” pagam mais caro por cortes mais nobres, mas têm comprado cada vez mais dos concorrentes das indústrias brasileiras. Os números explicam, em boa medida, a estratégia de grandes frigoríficos de adquirir empresas na Europa e nos Estados Unidos.
Na Alemanha, os industriais nacionais recuaram 4% no período e os vendedores dos Países Baixos cresceram 20%. Resultado: em 2008, a fatia dos concorrentes no mercado de US$ 1,86 bilhão dos alemães fechou em 29,5%, enquanto o Brasil somou apenas 2,8%. “A Alemanha é ´hub´ de distribuição para o varejo da Europa. O Brasil precisa estar lá”, diz o coordenador de Inteligência Comercial da Apex, Marcos Lélis. O agronegócio foi, segundo ele, o setor menos afetado pela crise no Brasil. Alimentos e bebidas sofreram um pouco mais, mas a chamada “elasticidade de renda” continuou baixa, o que significa que ainda que a renda seja reduzida, o padrão de consumo não cai na mesma velocidade. “O segmento que mais sofreu foi o ´premium´, sobretudo por causa da redução do consumo na Europa”, avalia Lélis.
Outro caso emblemático é o avanço dos exportadores da Austrália sobre o mercado japonês de lácteos. As indústrias brasileiras cresceram apenas 1,3% em vendas nos últimos cinco anos. Em 2008, somaram menos de 0,5% de participação no Japão. Os australianos, ao contrário, elevaram em 18% seus embarques, chegando a uma fatia de 32% neste mercado de US$ 1,5 bilhão no ano passado.
A Apex identificou boas oportunidades para produtos “premium” ou com selo “fair trade” na Europa e nos EUA. Na África e em parte da Ásia, os consumidores ainda estão no estágio de alimentos e bebidas básicas. Na América Latina, ainda incipiente para produtos mais sofisticados e caros, há forte necessidade de diversificação na oferta de produtos. “Isso dará margens maiores e evitará que a empresa fique suscetível à variação brusca de preços”, diz o gestor de projetos da Apex, Vinícius Estrela, responsável pela participação brasileira na feira Anuga. Os exportadores precisam ficar atentos à logística local para garantir a distribuição em grandes mercados.
“Na África e na Ásia, principalmente na Índia, ainda não temos quase nada de distribuição”, diz o especialista Marcos Lélis. Para ele, 2010 trará boa perspectivas para alimentos e bebidas. Os mercados de Rússia, Alemanha, Holanda, China, Arábia Saudita e Omã estão atrás de carnes, lácteos, chocolates, massas e biscoitos. Reino Unido e França estão abertos ao café “gourmet”, sucos tropicais e frutas frescas.
29/09/09
Mauro Zanatta, de Brasília
A receita para elevar as exportações brasileiras do agronegócio, sobretudo nos segmentos de alimentos e bebidas, passa pela consolidação das vendas de produtos básicos em países da África e da Ásia, além do avanço em nichos dos chamados produtos “premium” em mercados da Europa e da América do Norte.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) identificou, em um minucioso estudo, as oportunidades emergentes e recomendou as estratégias de ocupação dos principais mercados a 120 empresários que devem participar da maior feira mundial do setor na Alemanha (Anuga), em meados de outubro. A tática para driblar barreiras e roubar mercados de concorrentes prevê a antecipação das negociações com os importadores, a criação de uma ampla rede de logística de distribuição e a diversificação do leque de produtos.
O estudo da Apex identificou, por exemplo, uma preocupante perda de participação dos exportadores de carne bovina em importantes mercados da Europa nos últimos cinco anos. Os mercados “em risco” pagam mais caro por cortes mais nobres, mas têm comprado cada vez mais dos concorrentes das indústrias brasileiras. Os números explicam, em boa medida, a estratégia de grandes frigoríficos de adquirir empresas na Europa e nos Estados Unidos.
Na Alemanha, os industriais nacionais recuaram 4% no período e os vendedores dos Países Baixos cresceram 20%. Resultado: em 2008, a fatia dos concorrentes no mercado de US$ 1,86 bilhão dos alemães fechou em 29,5%, enquanto o Brasil somou apenas 2,8%. “A Alemanha é ´hub´ de distribuição para o varejo da Europa. O Brasil precisa estar lá”, diz o coordenador de Inteligência Comercial da Apex, Marcos Lélis. O agronegócio foi, segundo ele, o setor menos afetado pela crise no Brasil. Alimentos e bebidas sofreram um pouco mais, mas a chamada “elasticidade de renda” continuou baixa, o que significa que ainda que a renda seja reduzida, o padrão de consumo não cai na mesma velocidade. “O segmento que mais sofreu foi o ´premium´, sobretudo por causa da redução do consumo na Europa”, avalia Lélis.
Outro caso emblemático é o avanço dos exportadores da Austrália sobre o mercado japonês de lácteos. As indústrias brasileiras cresceram apenas 1,3% em vendas nos últimos cinco anos. Em 2008, somaram menos de 0,5% de participação no Japão. Os australianos, ao contrário, elevaram em 18% seus embarques, chegando a uma fatia de 32% neste mercado de US$ 1,5 bilhão no ano passado.
A Apex identificou boas oportunidades para produtos “premium” ou com selo “fair trade” na Europa e nos EUA. Na África e em parte da Ásia, os consumidores ainda estão no estágio de alimentos e bebidas básicas. Na América Latina, ainda incipiente para produtos mais sofisticados e caros, há forte necessidade de diversificação na oferta de produtos. “Isso dará margens maiores e evitará que a empresa fique suscetível à variação brusca de preços”, diz o gestor de projetos da Apex, Vinícius Estrela, responsável pela participação brasileira na feira Anuga. Os exportadores precisam ficar atentos à logística local para garantir a distribuição em grandes mercados.
“Na África e na Ásia, principalmente na Índia, ainda não temos quase nada de distribuição”, diz o especialista Marcos Lélis. Para ele, 2010 trará boa perspectivas para alimentos e bebidas. Os mercados de Rússia, Alemanha, Holanda, China, Arábia Saudita e Omã estão atrás de carnes, lácteos, chocolates, massas e biscoitos. Reino Unido e França estão abertos ao café “gourmet”, sucos tropicais e frutas frescas.