Especialistas portugueses e angolanos estão a levar a cabo a elaboração da História do Café de Angola, produto que colocou o país africano, ao tempo colónia portuguesa, em terceiro lugar na lista dos principais produtores mundiais, nos anos 70.
A informação foi esta quinta-feira, dia 07 de Agosto, avançada à agência Lusa pelo director do Instituto Nacional do Café de Angola (INCA), João Neto, à margem da Oficina do Café e da Soja, uma iniciativa do Instituto do Fomento Empresarial angolano.
Segundo João Neto, a elaboração do referido documento está a cargo de especialistas portugueses do Instituto Superior de Agronomia, com o qual também cooperam na área da formação de quadros angolanos.
O responsável referiu ainda que com Portugal existe igualmente cooperação com o Instituto de Investigação Científica Tropical, para a recuperação do acervo bibliográfico sobre a cafeicultura angolana.
Angola produzia na era colonial cerca de 210 mil toneladas de café comercial anual, mas os efeitos de mais de três décadas de guerra civil baixou os níveis de produção para as actuais cerca de 12,6 mil toneladas por ano, que representam cerca de 5% da produção colonial.
Com o fim da guerra, em 2002, Angola produzia três mil toneladas.
O nível de produção vem aumentando, contudo, João Neto considera "muito baixa" a produtividade.
Actualmente, as províncias do Cuanza Sul e do Uíge concentram cerca de 77% da produção nacional de café.
João Neto referiu que o Uíge, norte de Angola, liderava na era colonial o sector cafeicultor angolano, mas neste momento assiste-se a uma deslocação da produção da região norte para o centro sul.
O director do INCA frisou que a nova cafeicultura está a ser realizada num eixo que integra o corredor Ganda/ Cubal, na província de Benguela, e Caluquembe, Chicuma e Chongoroi, na província da Huíla, zonas onde há grande dinamismo na plantação de café arábica.
Ainda este ano, o INCA tem planificada a produção de mais de 20 milhões de mudas de produção de café, para serem distribuídas gratuitamente a todos os produtores, cerca de 50 mil pequenos produtores.
Em Angola, o café mais produzido (95%) é do tipo robusta e a maioria da produção cafeícola é exportada para Espanha, Alemanha, Portugal, e parte residual para a Itália.
Além de Portugal, o INCA mantém cooperação com o Brasil, a Organização Internacional do Café e a Organização Africana do Café.
A falta de incentivos económicos, sublinhou João Neto, é a maior dificuldade que se enfrenta para a dinamização do setor, considerando que com o investimento de 200 milhões de dólares se poderia atingir nos próximos dez anos a produção anual de cem mil toneladas.
Lusa