Em minhas últimas análises para a Revista Cafeicultura, já vinha alertando para o fato de que as cotações não estavam refletindo a conjuntura de aperto de oferta e queda dos estoques mundiais.
Quando as cotações caíram abaixo de 1 dólar por libra, identifquei um ataque especulativo e sugeri aos leitores que procurassem esperar o mercado se normalizar antes de vender.
Na semana passada, observamos um forte reajuste dos preços, e as perspectivas para o primeiro trimestre do ano se tornaram mais otimistas. Foram divulgadas várias projeções de que o mundo enfrentará déficit de oferta em 2007 e 2008, de maneira que o corrente ano transcorrerá sob a tensão de déficit nos dois anos seguintes.
Entretanto, é preciso não esquecer que deverá ocorrer um pequeno excesso de oferta este ano e que os grupos especuladores e os grandes compradores certamente usararão este fato para, eventualmente, jogar contra os preços do café.
As exportações brasileiras em 2005 totalizaram 26,10 milhões de sacas de café verde e solúvel, o que representou uma suave queda de 1,3% sobre o ano anterior.
Registrou-se um expressivo aumento nas exportações de robusta, que encerraram o ano em 1,10 milhão de sacas, 53% a mais que no ano anterior, mas ainda longe dos níveis registrados em 2002, quando chegaram a 4,3 milhões de sacas.
Para 2006, as perspectivas de exportação de robusta são promissoras, devido à queda na safra do Vietnã e no aumento dos preços do produto no mercado internacional.
As exportações de solúvel em 2005 merecem destaque. O Brasil embarcou 3,52 milhões de sacas de café solúvel, um recorde histórico. Considerando que o aumento das exportações de torrado também tem sido expressivo nos últimos meses, é motivo de grande entusiasmo para os amantes da cafeicultura brasileira notar que o país está incrementando significativamente a venda do produto industrializado para o exterior, única e verdadeira solução contra as crises periódicas que assolam o setor.
* Miguel Barbosa, 30
anos, é editor do site Coffee Business e do Anuário Estatístico do Café. Também
é repórter e colunista de
CoffeeNetwork.
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