Análise Semanal: A ordem é segurar

(exclusivo para o site da Revista Cafeicultura)
O mercado de café foi marcado, nas últimas duas semanas, por fortes ataques especulativos que derrubaram as cotações internacionais da commodity.

3 de dezembro de 2005 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Por Miguel Barbosa


Rio de Janeiro,
05 de dezembro – – O mercado de café foi marcado, nas últimas duas semanas, por
fortes ataques especulativos que derrubaram as cotações internacionais da
commodity.


 


A desvalorização
observada vai contra a projeção da maior parte dos analistas e representantes de
grandes empresas, cujas opiniões foram amplamente divulgadas recentemente por
causa dos inúmeros eventos internacionais que coincidiram ocorrer nos últimos
meses, como a Conferência Internacional da OIC, ocorrida em setembro, em
Salvador, o Sintercafé, na Costa Rica, em novembro, e o Encafé, também em
novembro, em Recife.


 


Semana passada,
durante o Congresso Nacional anual realizado pela Federación de Cafeteros da
Colombia, o gerente-geral da entidade, Gabriel Silva, declarou que os
fundamentos continuam apontando preços firmes para o ano de 2006.


 


Em todos estes
encontros, registramos declarações otimistas em relação aos preços. O
diretor-executivo da OIC, Nestor Osorio, também voltou a reiterar sua convicção
de que os fundamentos


 


Entretanto,
projeções e declarações são uma coisa e a realidade é outra. Os preços estão
caindo e o produtor está perdendo dinheiro.   A ordem atual é esperar.
Naturalmente, há riscos, mas para o bem de todos, é importante resistir. O
inverno chegou no Hemisfério Norte e a qualquer hora a indústria vai sentir o
impacto do aperto da oferta. As exportações mundiais estão caindo violentamente
nos últimos dois meses e devem cair ainda mais em novembro e
dezembro.


 


Esta
queda-de-braço entre especulação e fundamentos é velha conhecida dos produtores.
É o que está ocorrendo mais uma vez. Os fundos forçam baixa nos preços para
comprarem o máximo de contratos possível, esperando o momento de explosão dos
preços, quando revendem o que adquiriram com lucros exorbitantes.


 


Nesta
sexta-feira, as cotações de março na bolsa de Nova Iorque caíram mais 170
pontos, fechando em 94,75 centavos de dólar por libra-peso, bem longe da
tendência de bater em 106 centavos, 
algumas semanas atrás.


 


Por fim, não podemos deixar de cumprimentar nesta coluna a iniciativa dos
produtores da Alta Mogiana de criarem uma associação de produtores de café
especial. São iniciativas como essa que vão, lentamente, mas de forma firme e
definitiva, tornando o café brasileiro um pouco mais independente dos humores da
bolsa de Nova Iorque. Com essas associações, o produtor ganha oportunidade de
fechar contratos de fornecimento d e longo prazo, com preços pré-fixados, que
lhe dêem segurança e renda adequada. Consciente disso, o ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues, prestigiou a posse da primeira diretoria da
entidade.





* Miguel Barbosa, 30
anos, é editor do site Coffee Business e do Anuário Estatístico do Café. Também
é repórter e colunista de
CoffeeNetwork.


 


coffee@coffeebusiness.com.br
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