22/02/2010 – O Banco Central Americano (FED) nesta semana deu uma sinalização de que a economia do país está mellhorando, e com isso está gradativamente retirando algumas medidas emergenciais que mantém.
Desta vez ele aumentou a taxa de redesconto em 0.25% para 0.75% ao ano * historicamente esta taxa é 1% mais alta do que a taxa básica, que hoje está entre 0% e 0.25% ao ano.
A notícia saiu algumas horas após da divulgação do índice americano de preço ao atacado (PPI), que veio acima do esperado. A leitura imediata foi positiva para a moeda americana e negativa para bolsas e commodities, imaginando-se que o FED poderia antecipar o ínicio do ciclo de aumento da taxa de juros.
Porém na sexta-feira o índice de preço ao consumidor (CPI) veio mais baixo do que previsto, com o núcleo inclusive caindo em 0.1%, e logo esfriou a corrida para o dólar, e então as bolsas e as commodities se valorizaram.
O café, durante esta semana curta, experimentou de novo uma forte volatilidade no spread março/maio que enfraqueceu abruptamente um dia antes do ínico da entrega do contrado de março. O movimento acabou por confirmar nossa teoria, defendida aqui na semana passada, do altíssimo custo do spread e do arriscado jogo que um novo recebedor teria à esta altura do campeonato.
Ao mesmo tempo a oscilação destas duas últimas semanas do switch serviu para nos mostrar duas coisas. Em primeiro lugar que o rally para -1.30 (da semana retrasada) foi uma reação de pânico por parte daqueles que não tinham feito a rolagem. E em segundo que os atuais detentores dos certificados não estão dispostos a entregar seus cafés caso a estrutura pague 1.25 centavos por libra-peso ao mês (o spread negociou a -2.50).
E só para relembrar, o café estocado nos armazéns europeus – que é a maior parte – custa 1.32 cts/lb ao mês para carregar (sem contar penalidade de idade).
No primeiro dia da entrega do contrato de março não desceu um só canudo, e o mercado reagiu positivamente. Com isso o spread negociou em volume, algo atípico durante o período de notificação, e estreitou para -2.00 centavos, finalmente provocando a descida de avisos.
A bolsa de Nova Iorque acabou encerrando a semana com ganhos de US$
3.64 por saca, rompendo os 135.00 centavos e nos dando a impressão que testará os nível de 138.00 cts, onde provavelmente uma parte da nova posição vendida dos fundos será coberta.
Caso o mercado não encontre muita venda de origem (ou fundos), creio que maio pode romper os 140.00 e eventualmente correr até próximo de 142.50 cts.
Dependendo do volume que o mercado precise para ir acima de 140.00 (caso aconteça), e claro dependendo do câmbio, um movimento ainda mais forte parece pouco provável.
A performance da BM&F nesta semana, com ganhos de apenas US$ 0.50 por saca e um enfraquecimento da estrutura, nos dá a impressão de que a “proximidade” da safra brasileira pode ser um fator limitante para movimentos mais fortes.
Enquanto isto a volatilidade implícita das opções caíram ainda mais, dando uma oportunidade para comprar proteção de preço * portanto aproveitem.
Tenham uma ótima semana e muito bons negócios.
Fonte: Notícias Agrícolas
DÓLAR FRACO PROVOCA ALTA, MAS HAVERÁ INCREMENTO DE DEMANDA SE FALTAR EMPREGO?
O mercado acionário da India começou a semana subindo 17% com a re-eleição do partido da situação espalhando ânimo nas bolsas de vários países.
Com o índice de volatilidade das ações melhorando nos Estados Unidos, o VIX – uma espécie de termômetro do medo dos investidores – e um mercado interbancário com taxas de juros caindo para os melhores níveis em 4 meses, o otimismo ganhou mais folego até a quarta-feira, quando uma chuva gelada de prognósticos desencorajadores acordou os investidores do sonho de que o mundo havia resolvido todos seus problemas. A ata da reunião do FOMC – o equivalente ao COPOM brasileiro – reduziu as expectativas do “crescimento” da economia americana para 2009 e 2010 assim como também revisou para cima o desemprego no país.
No Brasil o crescimento esperado do PIB também sofreu um corte para apenas 1%. Na sequência os mercados tremeram com notícias vindas de uma agência de risco que alertou para uma redução na nota da dívida do governo britânico e com as declarações de um dos maiores gestores de um fundo que investe bastanta na dívida americana que acredita que o mesmo pode acontecer nos EUA. Ou seja, com o governo de Barack Obama expandindo ainda mais os gastos e tendo a necessidade crescente de financiamento, uma perda do grau máximo de investimento do país gera um pânico para os investidores que vêem os títulos estados unidenses como um porto seguro, principalmente em momentos de turbulência como o que estamos passando.
Neste cenário, os mercados emergentes tem sido vistos como uma das poucas alternativas para os investidores, principalmente os que fazem parte do BIC – Brasil, India e China – (cortamos o R pois a Russia não está nada bem com a queda forte dos preços da energia.
Com toda essa confusão o dólar americano voltou a ficar ameaçado e teve uma desvalorização forte, negoc iando aos níveis mais baixos desde o final de 2008. Como aconteceu até o ano passado, a desvalorização da moeda americana tornou mais baratos os ativos que são precificados em dólar, porém o efeito positivo foi sentido apenas pelas commodities, que subiram bem durante a semana enquanto as ações cederam. Por quanto tempo não se sabe, pois se por um lado a fraqueza da moeda da maior economia do mundo barateia ativos, por outro é necessário que não se perca mais empregos e que se volte a ter crescimento, afinal de contas nada é suficientemente barato para quem não tem dinheiro.
O leitor deve estar se perguntando o porquê de tantas informações econômicas em um relatório de café? Bem, na verdade é necessário falarmos sobre isso pois a influência que estamos vendo no preço do café está sendo impactada por este cenário macro, e por isso que sempre faço uma abordagem geral antes de falar do cafezinho.
O café pegou carona no ônibus das commodities e subiu mais ainda. O mercado em Nova Iorque finalmente rompeu o intervalo que vinha negociando há tanto tempo, e fechou a semana com ganhos de US$ 9.52 por saca, acumulando no mês uma valorização de US$ 25.27 por saca por aqui e US$ 17.60 por saca na BMF em São Paulo, um grande presente para aqueles que ainda tem café para vender, certo? Sim mas como o real Real valorizou 7.46% desde então, o produtor brasileiro acaba recebendo um adicional de “apenas” R$ 19.58 por saca.
Além da subida forte em função dos fatores macro-econômicos, o mercado ganhou mais espaço para subir já que a safra nova brasileira ainda não apareceu em volume significativo e com a continuação do encarecimento dos diferenciais colombianos que foram negociados com 102 ct/lb de prêmio sobre a bolsa de NY. Por causa disso as vendas dos produtores ma ICE vem acontecendo em um um ritmo mais lento, sem falar da redução das linhas de créditos que também limitam uma extensão da cobertura de preços, principalmente antes do inver no no Brasil. O mercado futuro portanto consegue subir com mais facilidade com tendo os fundos como os condutores do trem.
O movimento de alta vem se dando até agora de maneira ordenada e ininterrupta e a percepção de que há mais espaço para subir foi auxiliada pela firmeza da estrutura da bolsa. Vamos explicar. O spread – diferença entre os preços de um mês para o outro – estreitaram durante a semana. Até última sexta por exemplo os contratos com vencimento em dezembro 2009, março, maio e julho de 2010 subiram menos do que o de Julho 09, impulsionados por rumores de que o mesmo participante que recebeu café no vencimento de maio 2009 estaria comprando os spreads de setembro em diante para eventualmente se aproveitar da manutenção da escassez dos café suaves. As tradings que carregam café e usam o “carry” do mercado para financiar a estocagem correram para rolar seus contratos antes que o desconto diminuíse ainda mais, e como os fundos que estão comprados ainda não co meçaram a rolar seus contratos o estreitamento aconteceu de forma mais rápida. Em poucas palavras o mercado lê que quanto menor for o desconto entre o mês presente e os meses futuros mais se mostra escassez do produto. Como no caso do contrato de Nova Iorque não é possível entregar café brasileiro, pouco importa se há uma disponibilidade do produto no Brasil.
Tudo isso são justificativas suficientes para justificar as subidas de preço?
Continuamos achando que não, principalmente quando verificamos que os estoques certificados da bolsa, não apenas pararam de cair, como voltaram a subir – ainda que seja levemente – porém isso não deveria acontecer dados os problemas na produção na Colômbia e América Central e os diferenciais muito mais atrativos sendo pagos no mercado à vista comparados com o que a bolsa paga.
O crédito limitado e o dólar são os maiores responsáveis, sem falar do medo de que fundos não parem nunca mais de comprar. O mercado acima de 140.00 ct s pode começar a provocar cobertura de posições vendidas, embora creio que o nível que pode de fato causar desespero dos vendidos seja os 150.00 cts/lb.
Muita cautela neste momento em que o mercado tem fundamentos que nos mostram que não há falta de café, mas sim uma menor produção de uma qualidade específica, em um fase em que o mundo passa pela pior recessão desde 1929, com peculiaridades que ninguém tem experiência.
A semana começa com um dia útil a menos por conta do feriado da segunda-feira em memória aos soldados americanos que morreram em guerra. Nem por isso os próximos dias deixam de estarem recheados de incertezas com relação a direção que os preços tomarão no curto prazo. O mercado de clima se inicia agora, com receios não apenas do frio que sempre causa tensão com os riscos de geada mas também com relação as chuvas que caso ocorram durante a colheita podem prejudicar a qualidade em um ano que se perdeu ao redor de 4 milhões de sacas de cafés suaves na America Central e Colômbia.
Continuo achando que como é impossível prever qual será o topo do mercado, os produtores devem continuar vendendo seus cafés e fazendo as fixações de preço, sempre atentos ao fluxo de caixa. Compras de proteção de baixa com o uso de opções dão uma flexibilidade maior e garantem noites melhores de sono.
Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.
Fonte: Archer Consulting
PREÇO MÍNIMO OU MÁXIMO?
Os mercados se mostraram imunes à gripe suína apesar de todo o alarde da mídia mundial.
Aqui em Nova Iorque o pânico ainda não está instalado e não se vê ninguém andando de máscaras nas ruas, muito embora máscaras e líquidos antibactericidas tenham sumido das prateleiras das farmácias
Os jornais e telejornais americanos começaram a semana noticiando de uma forma assustadora o risco da gripe, mas amenizaram o tom nos últimos 3 dias. Porém o mesmo não parece estar acontecendo no Brasil, haja vista o número de ligações que estamos recebendo de nossos amigos e parentes brasileiros preocupados com o risco da pandemia. Para a semana do açúcar em Nova Iorque, por exemplo, muitos acabaram cancelando suas vindas e entendemos a decisão já que temos acesso aqui à algumas emissoras brasileiras que nos faz parecer um milagre ainda estarmos vivos. Enfim na prática nada mudou por aqui, pelo menos por enquanto, e pr ova disso foi a performance dos mercados financeiros.
Com tantas incertezas ainda rodeando a debilitada saúde das intituições financeiras americanas, os investidores não mudaram o foco de suas atenções à procura de sinais de recuperação da economia e reagiram positivamente ao aumento da confiança do consumidor americano, assim como o incremento acima do esperado dos gastos pessoais e do índice de produção de manufaturados. Nem a queda significativa do PIB no primeiro trimestre do ano foi capaz de diminuir o otimismo (ou seria esperança?) do mercado.
Tudo isso serviu de combustível para alimentar uma subida nos preços das commodities que recuperaram as perdas geradas pelo pânico do risco de pandemia da gripe suína na segunda-feira.
No primeiro dia do mês de maio presenciamos também um novo volume de dinheiro alocado para as commodities, e o resultado foi positivo para quase todos os produtos que compõe a cesta do CRB (índice que contém 19 commodities) exceto para os metais preciosos e para as carnes de porco e de boi.
O café fechou a semana com alta de 0.95 cts/lb ou US$ 1.26 por saca de 60kg em NY, recuperando as perdas fortes sofridas no começo da semana. Londres encerrou o período 15 dólares por tonelada ou US$ 0.90 por saca mais alto, e São Paulo perdeu US$ 3.10 por saca, porém a bolsa brasileira estava fechada na sexta-feira dia em que o contrato “C” em Nova Iorque subiu 4.85 ctsl/lb, portanto podemos esperar um ajuste bem mais alto no começo da semana caso a ICE não desmorone nas primeiras horas da madrugada.
A queda acentuada da segunda-feira serviu para mostrar ao mercado que os torradores não estão tão desinteressados como se acreditava já que os mesmos aproveitaram a oportunidade para fazerem um bom volume de fixações (compras) provendo suporte aos preços ao redor do patamar de 115.00 cts/lb. Com nova injeção de capital vindo por parte dos fundos e um volume fraco de vendas dos produtores que aguardam por novas ajudas governamentais, a bolsa conseguiu romper o nível de 120.00 cts apontando para uma continuação da alta.
Na quinta-feira foi aprovado pelo Conselho Monetário Nacional brasileiro o incremento do preço mínimo de café para R$ 261.69 / saca, valor abaixo do que o que vinha se falando nos bastidores. Na prática este é o valor que o produtor usará como referência para pagar suas dívidas com o governo caso decida “quitá-la” com o produto.
O efeito a princípio é positivo pois o preço do mercado à vista de uma bica está mais ou menos R$ 7.00 abaixo do preço mínimo, por outro lado a cada vencimento de dívida pode-se criar um preço “máximo” que o fazendeiro virá a receber pelo seu café caso a demanda continue retraída. A medida do aumento do preço parece ser uma preparação para segundo passo que será a suposta implementação do programa de opções.
Ao preço mínimo serão acrescidos diversos custos para definir o preço-de-exercício das opções que serão oferecidas pelo go verno. O cenário mais positivo para os preços seria o produtor fazer os dois, pagar suas dívidas com café tirando o produto de circulação pois este irá para o estoque governamental e também ser lançado um programa de opções com um preço acima do praticado atualmente no mercado.
A dúvida paira sobre a necessidade de financiamento dos produtores no curtíssimo prazo. Com os fazendeiros tendo que pagar os custos da colheita que se inicia, é necessário haver crédito disponível para que os cafeicultores não sejam forçados a venderem seus cafés para pagarem a mão-de-obra extra utilizada, pressionando os preços. Uma demora na definição de novas linhas ou do plano de opções poderá limitar a alta das bolsas pelo menos até o começo do mês de agosto.
Por ora ainda acreditamos em um potencial de alta de pelo menos mais uns 3 a 5 centavos por libra-peso, principalmente se o dólar americano manter a recente tendência de desvalorização.
Aqueles que necessitam fazer cai xa devem começar a fazer suas vendas no mercardo futuro de pouco em pouco procurando não estender muito as fixações pois o período do inverno brasileiro poderá trazer alguma oportunidade melhor. Estratégias de compra de put (opção de venda) e venda de call (opção de compra) contra o Julho são alternativas interessantes para garantir ao menos uma proteção de preços caso o mercado volte a cair. Sazonalmente NY tende a cair durante o mês de maio e junho embora um frio mais forte sempre provoca solavancos razoáveis nos preços.
Não venda o que você não terá para entregar até junho, e prefira eventualmente fechar negócios em diferenciais. Não se esqueça também de proteger o dólar.
Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.
Fonte: Archer Consulting
NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
A semana começou com mais uma medida do governo americano em tentar enxugar os ativos tóxicos que compõe uma boa parcela da carteira das instituições financeiras nos Estados Unidos.
O novo plano vai disponibilizar 100 bilhões de dólares americanos a 5 grandes agentes que junto com garantias governamentais supostamente tornará atrativo para os investidores a compra destes ativos, já que a valorização futura dos mesmos será repartida entre governo, instituições financeiras e investidores, enquanto que o risco ficará todo por conta do governo.
Ou seja se eu ganho todo mundo ganha, agora se eu perco daí quem perde é o governo.
Nada mal, não é?
Outro acontecimento positivo foi a compra do fundo soberando Abu Dhabi de adicionais 9.1% da Daimsler (fabricante de veículos Mercedes) ajudando a animar os mercados acionários mundiais, que também reagiram positivamente à alguns números da economia am ericana que mostram uma ligeira recuperação da atividade produtiva e uma melhora tímida no mercado de imóveis residenciais.
Claro que ainda há números que assustam os agentes dos mercados como o recorde de desempregados recebendo auxílio desemprego nos Estados Unidos e também as perspectivas horripilantes para o mercado imobiliário comercial, que alguns estimam poder sofrer uma depreciação de até 30%.
Pelo menos estamos vendo alguns indicadores tentando mostrar que o chão pode não estar tão distante.
A surpresa da semana ficou por conta do secretário do tesouro americano (Timothy Geithner) em declarar que está aberto a discutir a idéia de uma moeda supra-nacional para as reservas mundiais.
A declaração causou um tombo imediato do dólar, mesmo que Geithner tenha dito logo após que não acredita que o dólar perca o status de moeda de reserva.
A súbita queda do dólar ajudou a dar mais fôlego para as bolsas e de tabela ajudou as commodities a manterem sua alta recente. Bem, pelo menos até sexta-feira quando o dólar voltou a firmar e a derrubar as bolsas novamente. Ou seja, continuamos em um ambiente de incerteza apesar da performance positiva do mês de março. Acreditamos que durante o mês também ouve um reposicionamento dos investidores nos mercados com o retorno de uma pequena parcela do dinheiro que estava/está “descansando” em suas contas correntes.
O próximo grande teste acontecerá no começo do 2º trimestre, quando as empresas começarão a reportar seus números referente aos três primeiros meses de 2009. Caso os resultados tenham deteriorado muito, as chances são grandes de voltarmos a ver uma queda das bolsas e até mesmo das commodities.
O café se comportou relativamente bem voltando a subir durante o período, porém encerrando a semana com queda de 0.35 cts/lb aqui em NY, 5 dólares/ton em Londres, e 0.50 dólares/60kg em São Paulo.
Fundos voltaram a comprar o mercado até quinta-feira quando maio negociou no nível mais alto desde o começo de fevereiro, e origens aproveitaram para fazer suas fixações de preço.
O relatório de posicionamento dos participantes (Commitment of Traders) apontou para um incremento de fixação das origens em 1.7 milhões de sacas de 60gk até a última terça-feira na bolsa de Nova Iorque ao mesmo tempo que identificou novas posições compradas por fundos passivos (aqueles que mantém uma posição apenas compradas em commodities), demonstrando que este tipo de investidor de fato continua comprando commodities para se proteger de inflação.
No lado do fundamento o quadro de aperto da oferta do café Colombiano não se alterou assim como seus preços. Porém a subida de preço da bolsa ajudou o fluxo de negociação de físico em outras origens, como no mercado interno brasileiro onde se negociou um bom volume de café com os preços acima de R$ 280.00 /saca.
No mercado internacional os torrefadores não modificaram seus níves de interesse de compra pa ra os cafés naturais e mesmo assim adicionaram um pouco mais de compras nos seus livros, embora não tanto para o 2º semestre como desejavam.
A conversa no mercado continua aquecida com relação aos efeitos da crise mundial no consumo de café.
Na convenção da NCA (National Coffee Association) foram divulgados alguns números que nos dão uma idéia do comportamento do consumidor.
Segundo os dados, os consumidores adultos que bebem café frequentemente não diminuiram a quantidade consumida, porém 83% tem consumido o produto em casa comparado com 78% no ano passado.
Já na classe dos jovens entre 18 e 24 anos, que tem uma renda menor, o efeito já é sentido.
Em 2007 uma parcela de 37% deste grupo bebia café e atualmente o número caiu para 29%.
A Organização Internacional do café (OIC) acredita que o crescimento do consumo seja de 1% este ano, o mesmo número que o maior grupo comercializador de café do mundo trabalha.
Nós cremos que o tom deve ser este m esmo, uma diminuição do crescimento e não uma queda no consumo global. Mais uma vez salientamos que mais importante do que o eventual não-crescimento da demanda é a diferença no número final da produção de café no Brasil, onde hoje as expectativas para a safra 2009/2010 oscilam entre 41 e 46 milhões de sacas, “apenas” 5 milhões de sacas. Para efeito de comparação, o não-crescimento da demanda representaria um não-incremento de 2.5 milhões de sacas, ou seja metade da “pequena” diferença das estimativas da produção brasileira.
Portanto vamos continuar olhando para o lado da oferta, que é onde sempre vimos uma grande variação e o que sempre impactou os preços do café.
A proximidade do início da colheita no Brasil está fazendo com que os produtores aproveitem a alta recente para se desfazerem de parte de seus estoques e se capitalizarem para os gastos que terão logo.
Desta forma acreditamos que por ora os preços das bolsas podem não encontrar força para continua r subindo, principalmente se o dólar americano voltar a firmar como aconteceu na sexta-feira.
Produtores que precisam de dinheiro devem aproveitar a oportunidade para vender um pouco mais de seus cafés, embora não cremos que veremos uma queda acentuada da bolsa.
Caso NY feche abaixo de 115.00 cts o mercado deve testar 113.00 e eventualmente 110.00 cts, pontos que os torrefadores devem aproveitar para fazer suas compras.
Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.
Um grande abraço,
Fonte: Archer Consulting
16/03/2009 16:03:14 – Notícias Agrícolas
ACENDERAM AO MENOS UMA LANTERNA
Depois de um longo e tenebroso inverno às escuras, o clima nos mercados mundiais começou a melhorar e voltamos a enxergar um feiche de luz no fim do túnel..
A semana começou com mais uma notícia que amendrotou os investidores que foi a tomada de controle pelo governo inglês do banco Lloyds, diluindo ainda mais o capital dos acionistas.
Em uma continuação do comportamento bipolar que vimos acompanhando há algum tempo, na terça os mercados viraram para o lado positivo, como em um um toque de mágica, e tudo o que foi preciso foi uma singela escapada de um memorando interno que circulou no até um ano e pouco atrás maior banco do mundo, o Citibank.
Depois de bilhões e mais bilhões de dólares impressos e despejados em bancos, seguradoras e outros setores, e de uma continua deterioração do quadro macro-econômico principalmente em função de uma total falta de confiança nos mercados e seus reg uladores, as bolsas de valores ao redor do mundo voltaram a respirar. A “mágica” foi muito mais barata do que se imaginava, e como modelos de sucesso são copiados, não tardou a ser seguida por seus concorrentes, a declaração do CEO do Citibank de que “nosso banco está novamente ganhando dinheiro” (simples né?!).
Claro que estamos ironizando, mas não foi muito diferente disso não.
Na terça-feira Vikram Pandit declarou que seu banco teve resultados positivos nos dois primeiros meses do ano, e o mercado acionário ficou tão feliz que o S&P fez um rally de parrudos 6.36%. Na quarta-feira o JP Morgan fez a mesma declaração, ajudando os mercados a não devolverem os ganhos e na quinta-feira foi a vez do Bank of America repetir a ladainha, e “voilá” mais 4 % de alta.
Viu como é fácil?! O presidente do FED americano e o secretário do tesouro deveriam ter feito isso muito antes e com isso teriam economizado um dinheirão.
Pois é, no meio de um maremoto horrendo o n egócio é se agarrar a qualquer coisa que flutua, e foi isso que o mercado resolveu fazer, afinal tivemos mais notíciais ruins como a previão do Banco Mundial de que 2009 o “crescimento” global vais ser negativo pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial, e também que o comércio internacional terá a maior perda em 80 anos.
Tudo isso apenas nos alerta para o que infelizmente sabemos, embora queiramos negar, de que a crise ainda não passou. Por outro lado a demonstração vinda dos maiores bancos dos Estados Unidos de que estão conseguindo operar (graças ao FED claro) e ganhar dinheiro (graças ao FED de novo, que está dando dinheiro de graça e aceitando até bilhete de jogo do bicho como garantia de empréstimos), dá sinais que o sistema financeiro foi salvo (ainda que esteja bastante tonto de tantos caldos tomados) e portanto os demais setores vagarosamente devem ir se levantando.
Em nossa opinião as commodities agrícolas serão as primeiras a encontrar um patamar de sus tenção para os preços mais, o que óbviamente inclui nosso cafezinho.
O mercado de café foi extremamente volátil estes últimos cinco dias, negociando aqui em Nova Iorque entre 104.35 e 112.95 centavos de dólares americanos por libra peso (cts/lb), em Londres entre 1426 e 1739 dol/ton, e em São Paulo entre 121.45 e 131.40 dol/saca.
A volatilidade maior aconteceu na quinta-feira quando tanto NY quanto Londres fizeram suas mínimas para os contratos de Maio de 2009 e em um dado momento explodiram para tocar as altas mencionadas acima. A movimentação das mínimas para as máximas aconteceeu em alguns segundos, fato provocado por um volume de compra de fundos que “stoparam” (limite de perda) parte de suas posições vendidas e que não encontraram vendas colocadas nos sistemas, ou seja entrou comprador mais faltou vendedor em apenas 10 segundos e quem estava olhando para as telas achou que tudo não passava de um erro nas cotações..
Não foi “bad-print” (cotação errada) não, e o mais importante de tudo é que o café finalmente conseguiu sustentar boa parte dos ganhos e encerrou a semana prometendo continuar o movimento de alta.
Para dar apoio a recuperação dos preços continuamos a ver a valorização dos diferenciais para cafés suaves (principalmente os colombianos e os guatemaltecos). Esta semana foram reportados negócios para Colômbia a 47 cts/lb acima da bolsa de NY e Guatemala a 35 cts/lb acima.
Os café substitutos para estes, sejam dos outros produtores da América Central, sejam dos Africanos, ou até mesmo lavados brasileiros, estão experimentando uma apreciação significativa nos seus preços também, e este pano de fundo sem dúvida deve promover uma sequência de ganhos nas bolsas.
Os baixistas não concordam, e como exemplo citam o preços dos cafés naturais brasileiros, que de novo foram negociados a incríveis 23 cts/lb de desconto contra a bolsa durante esta semana (a diferença entre Colmbia e Brasil é de 60 cts/lb – mais de 5 0% do preço de NY).
De fato isto não é positivo, porém cremos que os diferenciais estão refletindo que a safra corrente do Brasil foi maior do que se diz por aí, e a falta ou aperto do crédito está forçando os produtores e exportadores a venderem seus cafés.
Os ursos (como são chamados os baixistas aqui fora) apontam também que a demanda de café deve sofrer uma queda frente a recessão mundial. Neste aspecto nós não estamos tão certos. Cremos que de fato o consumo possa sofrer nos países do Leste Europeu, em especial a Rússia, pois estes não tem ainda a cultura arraigada de beber café, mas mesmo assim acreditamos que possa se transferir a forma de consumo como deve acontecer nos países consumidores maduros. O consumidor ao invés de pagar 5 dólares em seu café em uma loja badalada de cafés, voltará a fazer mais café em casa, não abrindo mão de sua dose diária de caféina.
Outro segmento que poderá sofrer será o de cafés especiais, e eventualmente até os cafés responsáv eis (aqueles que embutem uma contribuição social), mas não acreditamos que a taxa de consumo mundial caia abaixo dos patamares de 1.5% a 2% de crescimento – o que não deixa de ser uma queda razoável das taxas de quase 3% que vinham se apresentando nos últimos 3 a 5 anos, mas ainda sim é um crescimento.
No lado da produção a coisa está mais complicada. Apenas os produtores do café tipo conilon ou robusta estão ganhando dinheiro há algum tempo, enquanto que os produtores do arábica penam para manter seus cafezais.
É neste ponto que estamos nos calcando para apostarmos em uma valorização das bolsas, não de uma forma explosiva como alguns pensam, mas sim em patamares de até 20% durante este ano – salvo valorizações maiores provocadas por forças da natureza, ou uma valorização maior do dólar frente à outras moedas.
Portanto as indústrias torrefadoras devem aproveitar a oportunidade para fixar e extender suas compras, sempre considerando também o hedge cambial.
Também achamos que a ocasião é bastante propícia para construir estratégias de proteção de alta, incluindo para o período do inverno brasileiro.
A nossa idéia é utilizar este espaço nos concentrando na análise do médio prazo já que o curto prazo tem recebido impactos muito grandes dos fatores exógenos.
Vamos torcer para que a maré de renovação de otimismo tenha voltado para ficar, e que as águas voltem a ficar navegáveis.
Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios. Rodrigo Costa*