fonte: Cepea

Altas temperaturas e seca em fevereiro podem comprometer o enchimento dos grãos de café e impactar a safra 2025

O estresse térmico e hídrico no período de enchimento dos grãos pode resultar em grãos chochos e no temido “coração negro”, afetando a qualidade e o rendimento da próxima colheita.

Antonio Sergio Souza | Revista Cafeicultura

O mês de fevereiro de 2025 foi marcado por temperaturas acima da média e uma severa falta de chuvas nas principais regiões cafeeiras do Brasil. Esse cenário climático desafiador ocorre justamente em um período crítico do desenvolvimento do café: a fase de enchimento dos grãos. Especialistas alertam que o estresse térmico e hídrico pode levar à formação de grãos chochos e ao chamado “coração negro”, comprometendo ainda mais a próxima safra.

A fase de enchimento do grão e suas demandas

O enchimento do grão é um dos estágios finais do ciclo fenológico do cafeeiro, caracterizado pelo acúmulo de matéria seca nos grãos em desenvolvimento. Para que esse processo ocorra de forma eficiente, a planta necessita de um suprimento adequado de água e nutrientes essenciais, como:

  • Nitrogênio (N): Fundamental para a síntese de proteínas e compostos orgânicos, garantindo o desenvolvimento adequado dos grãos.
  • Potássio (K): Essencial para a translocação de açúcares e o enchimento dos frutos, regulando também o balanço hídrico da planta.
  • Cálcio (Ca): Importante para a estruturação celular e fortalecimento dos tecidos do fruto.
  • Boro (B) e Zinco (Zn): Micronutrientes essenciais para a divisão celular e transporte de carboidratos.

Além da nutrição, a água desempenha um papel fundamental na translocação desses nutrientes e na manutenção da turgescência das células, permitindo o enchimento adequado dos frutos.

O impacto das altas temperaturas e da seca

Sob condições normais, os nutrientes e açúcares são transportados das folhas e ramos para os frutos por meio do floema. No entanto, com o estresse térmico e hídrico, o cafeeiro adota mecanismos de defesa para minimizar a perda de água, como o fechamento dos estômatos – estruturas responsáveis pela troca gasosa e controle da transpiração. Esse fechamento impede a absorção e translocação de nutrientes para os grãos, resultando em uma nutrição deficiente e afetando diretamente o processo de enchimento.

Com a deficiência de nutrientes e água, os frutos de café podem sofrer um desenvolvimento irregular, originando grãos chochos. Em casos mais severos, ocorre a formação do chamado “coração negro” – uma necrose interna do grão, resultado do colapso celular causado pelo estresse hídrico extremo.

Consequências para a safra de 2025

A baixa qualidade e a redução do peso dos grãos impactam diretamente o rendimento da safra. Além disso, uma maior proporção de grãos defeituosos pode comprometer a classificação final do lote, afetando a comercialização e os preços pagos aos produtores.

Diante desse cenário, estratégias como irrigação suplementar, manejo nutricional adequado e práticas conservacionistas do solo, como cobertura vegetal e uso de matéria orgânica, são fundamentais para mitigar os efeitos do estresse hídrico e térmico no cafeeiro.

O alerta está lançado: se o clima continuar desafiador nos próximos meses, a safra de 2025 poderá sofrer perdas ainda mais significativas.

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