A praga tem ciclo curto e grande capacidade de proliferação, prejudica a qualidade e rendimento dos grãos.
Cafezais de importantes regiões produtoras do Sudeste do Brasil têm
apresentado significativa incidência de broca do café e a situação demanda
atenção, é o que alerta representantes da Cooxupé (Cooperativa Regional de
Cafeicultores em Guaxupé) e Expoccacer (Cooperativa dos Cafeicultores do
Cerrado). A praga tem ciclo curto e grande capacidade de proliferação, prejudica
a qualidade e rendimento dos grãos. O que mais preocupa os produtores é a
ausência de defensivos agrícolas eficientes aprovados pelas autoridades
brasileiras.
“Durante visitas a propriedades do Sul de Minas, Cerrado e Mogiana percebemos
uma significativa incidência de broca nos cafezais e isso nos preocupa porque
fica complicado o produtor negociar esse café no mercado”, afirma o diretor
comercial da Cooxupé, Lúcio Dias. A Cooperativa estima exportar 4,6 milhões de
sacas, uma alta de 12,5% em relação à temporada passada. No entanto, ainda não
tem dados precisos sobre o impacto do inseto na safra.
Broca do café tem ciclo curto e grande capacidade de proliferação | Foto:
Epamig
A broca do café é considerada uma das principais pragas da atividade cafeeira
no Brasil e ataca do fruto verde ao seco, normalmente, entre novembro e abril. O
inseto prejudica a qualidade do café – atrapalhando a competividade do grão,
principalmente, no mercado externo – e reduz a produtividade da lavoura. Uma
saca de café de 60 quilos infestada com a praga pode ter perda de peso de até
850 gramas.
A ausência de defensivos agrícolas devidamente registrados, acessíveis e
eficientes acaba dificultando o combate à praga. Atualmente os produtos mais
utilizados tem como princípio ativo a Cyantraniliprole ou Clorantraniliprole. O
Endosulfan, tido por muito tempo como o único defensivo eficiente no controle da
broca do café foi banido em 2013 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), por deixar resíduos no grão.
Na safra 2015/16, a Expocaccer, principal cooperativa do Cerrado Mineiro,
teve cerca de 9% dos lotes recebidos afetados por conta da broca, um aumento de
2% em relação à temporada anterior. Em 2015, os prejuízos com a praga no na
região chegaram a R$ 7 milhões, o que reforça os efeitos do inseto na economia
agropecuária. De acordo com o trader da Cooperativa, Joel Borges, a maior parte
dos lotes afetados por broca são de pequenos produtores rurais que não contam
com assistência técnica.
“Na safra que vamos colher agora em 2016, já temos registrado uma grande
infestação de broca do café. A porcentagem de lotes com a praga deve ser igual
ou superior ao que foi registrado no ano passado. Por isso, é muito importante
que sejam feitos trabalhos para disponibilizar novos produtos de combate à broca
no mercado. Os atuais são muito caros e pouco eficientes”, explica Borges.
O superintendente de desenvolvimento do cooperado da Cooxupé, Eduardo Júnior
alerta que os produtores devem realizar os trabalhos de combate à broca do café
sempre com ajuda técnica. “O cafeicultor não deve fazer a aplicação por conta,
sempre é indicado o auxílio de um técnico da cooperativa ou instituição de
extensão rural, só eles conseguem fazer um trabalho direcionado. Do contrário, a
situação pode ficar ainda pior”, afirma.
O monitoramento da broca do café deve ser feito por talhão e o manejo também,
normalmente em uma parte mais baixa, onde a infestação é maior, reduzindo a
aplicação do defensivo.
Mapa prioriza registro de novos produtos
Na semana passada, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento) publicou no Diário Oficial da União que dois produtos com
princípios ativos destinados à broca do café terão prioridade de registro. São
eles: Metaflumizone e a combinação dos princípios Bifentrina + Acetamiprido.
O CNC ressaltou em seu informativo semanal que a atitude do Mapa é uma
“sequência dos trabalhos empenhados pelo CNC junto ao Governo Federal para a
disponibilização de mais princípios ativos e produtos destinados ao combate à
broca do café no Brasil”.
A Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) também vê com bons olhos a
iniciativa do Mapa, no entanto, ainda deve levar algum tempo para que esses
novos produtos estejam no mercado. “Normalmente leva até seis anos para sair a
aprovação de venda de um produto. Mesmo com essa prioridade, estimamamos que o
prazo seja agora de dois anos, mas também pode ser mais que isso”, explica o
gerente técnico e de Regulamentação Estadual, Luis Carlos Ribeiro.
A lista dos produtos priorizados para combate a praga agora será entregue
para ciência e providência dos demais órgãos anuentes no registro de agrotóxicos
e afins no Brasil e o andamento dos registros referentes às prioridades
elencadas será monitorado, em conjunto pelo Departamento de Sanidade Vegetal
(DSV) e pelo DFIA, a cada três meses.
Neste processo, também precisam dar parecer favorável para que esses
princípios ativos sejam registrados e os produtos à sua base possam ser
comercializados o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Fonte: Notícias Agrícolas