No último ano, verificou-se cinco ondas de frio intenso.
Entra em operação nesta terça-feira (8) o Alerta Geada, serviço que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) oferecem de maio a setembro com o objetivo de auxiliar os produtores do Estado a decidir, na iminência de ocorrência do fenômeno, sobre a aplicação de técnicas de proteção das lavouras cafeeiras.
Durante o período de funcionamento do serviço, os pesquisadores acompanham as condições meteorológicas na região cafeeira do Estado do Paraná e publicam diariamente um boletim informativo, disponível gratuitamente nos endereços www.iapar.br, www.simepar.br e, ainda, pelo telefone (43) 3391-4500, neste caso ao custo de uma ligação para aparelho fixo.
Se houver aproximação de massas de ar frio com potencial de causar danos às lavouras de café, também é emitido um pré-alerta por e-mail ou SMS a extensionistas, técnicos e produtores cadastrados, além da divulgação na imprensa e nas redes sociais.
Caso persistam as condições para formação de geadas, um novo aviso, de ratificação, é expedido em até 24 horas antes da ocorrência prevista para o evento. Interessados em receber os avisos por e-mail ou “torpedo” no celular devem preencher um cadastro, disponível no endereço www.iapar.br.
No último ano, verificou-se cinco ondas de frio intenso. Apenas duas delas – em 9 de junho e 17 de julho – tinham força para causar danos aos cafeeiros e justificaram a emissão de avisos de alerta.
INVERNO – De acordo com a meteorologista Ângela Costa, em 2018 os fenômenos El niño e La niña estão inativos. Por isso, a previsão é de um inverno regular, com chuvas e ingresso de massas de ar frio característicos da estação, dentro da normalidade para o período.
La niña é o fenômeno de resfriamento das águas na zona equatorial do Oceano Pacífico. El niño, ao contrário, é seu aquecimento. Ambos os eventos influenciam as condições climáticas do Sul do Brasil.
RECOMENDAÇÃO – Para lavouras com idade entre seis e 24 meses, a recomendação é amontoar terra – até o primeiro par de folhas – no tronco das árvores imediatamente, para proteger as gemas e evitar a morte da planta no caso de geada severa. Essa prática é chamada de “chegamento de terra” pelos cafeicultores e técnicos do setor.
Essa terra que protege os troncos dos cafeeiros deve ser mantida até o final do período frio, em meados de setembro, e então retirada preferencialmente com as mãos.
Para plantios novos, com até seis meses de idade, recomenda-se simplesmente enterrar as mudas quando houver emissão do Alerta Geada. Viveiros devem ser protegidos com várias camadas de cobertura plástica.
Nos dois casos – lavouras novas e viveiros –, a proteção deve ser retirada rapidamente, assim que a massa de ar frio se afastar e cessar o risco imediato de geada.
CUSTOS – De acordo com o economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), há pouco mais de 41 mil hectares ocupados com lavouras de café no Paraná, dos quais 3,2 mil com plantios novos, de até 24 meses, e que devem ser protegidos das geadas.
Calcula-se que a implantação de um hectare de cafeeiros custa em torno de R$ 12 mil. O enterrio e o desenterrio de plantas com até seis meses custa em torno de R$ 1,2 mil, enquanto o dispêndio para fazer o “chegamento de terra” e posterior limpeza dos troncos nas lavouras entre seis e 24 meses é de aproximadamente R$ 800. “É inegável o custo-benefício da proteção”, afirma.
A maior parte das lavouras paranaenses tem em média 8 hectares e é conduzida por pequenos produtores familiares. Em 2018, a expectativa é que o Estado colha em torno de 1 milhão de sacas beneficiadas de café.
REALIZAÇÃO – O serviço Alerta Geada é uma realização do Iapar e do Simepar, com o apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Emater-PR, Consórcio Pesquisa Café, prefeituras, cooperativas e associações de produtores.