ALERTA DE FRIO PRECOCE PROVOCA COBERTURA Por Rodrigo Costa

Comentário Semanal – de 29 de abril a 3 de maio de 2013


 


O Banco Central Europeu não apenas confirmou as expectativas sobre o corte dos juros para o novo recorde de 0.5% ao ano, mas também surpreendeu os mercados sinalizando que pode começar a taxar os bancos que têm excesso de capital.


Nos Estados Unidos a reunião do FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) não trouxe novidades. Já o índice de desemprego caiu para novas mínimas desde dezembro de 2008, estando agora em 7.5% depois de novas 165 mil vagas terem sido geradas no mês de abril.
 
Os principais índices acionários continuaram a trajetória de alta, mantendo as expectativas em não ver nenhuma alteração dos programas de injeção de dinheiro pelos bancos centrais das regiões mais ricas do planeta.
 
Entre as commodities o destaque foi a recuperação dos grãos em função do atraso do plantio nos Estados Unidos, e a puxada forte do café arábica.
 
O contrato “C” depois de fazer novas mínimas na terça-feira encontrou força para ganhar mais de US$ 5 centavos por libra na quinta-feira, forçando mais cobertura de posições vendidas dos fundos.


Prognóstico de temperaturas mais baixas nas áreas produtoras no Brasil fez soar o alarme sobre a proximidade do inverno na região, e como os produtores de café mantém a esperança no aumento do preço mínimo pelo CMN, a resistência foi menor para os futuros subirem.
 
Por falar nisto, o anúncio do novo preço mínimo que era para acontecer na segunda e depois na quinta, nunca aconteceu, frustrando a todos que acreditavam na “pontualidade”. Notícias vazadas em alguns órgãos da imprensa informam que o impasse se dá em função do governo não aceitar um ajuste que ultrapasse R$ 310.00 a saca, na verdade o número parece ser R$ 307.00, enquanto as lideranças da produção pedem R$ 337.00 como o mínimo. O argumento do governo é a pressão inflacionária, e da produção a inflação e os custos mais altos. Em um outro estudo, este sim pontual, foi indicado a falta de mão-de-obra para a colheita, já que jovens continuam migrando para as cidades.
 
Um leitor que nos escreveu sobre o comentário da semana passada, perguntou qual o volume que estes fundos de sistema operam no mercado de café. Dados não-oficiais das bolsas indicam que nos mercados futuros americanos mais de 60% do volume diário é negociado pelos fundos de alta-frequência, patamar não muito distante do que os “locais” ou “scalpers” operavam na época do pregão de viva-voz.


A Organização Internacional do Café (ICO em inglês) divulgou que as exportações de café nos últimos 12 meses (até março) totalizaram 113.2 milhões de sacas, sendo 67.3 milhões de arábica e 45.9 milhões de robusta. Comparando com o período anterior, o volume é maior em 9 milhões de sacas, sendo apenas 2 milhões maior para o arábica, e 7 milhões a mais para o robusta. Se levarmos em consideração a diminuição dos estoques visíveis do robusta e o aumento do arábica, concluímos (mais uma vez) o quanto tem crescido a demanda para o primeiro.
 
A movimentação do físico foi um pouco melhor no “spot” enquanto diferenciais nas origens se mantiveram firmes e dando poucas oportunidades para quem quer comprar barganhas. Demanda no curto prazo é mais notada nos Estados Unidos, enquanto o interesse da maior parte da indústria é mais voltado para fim de 2013 e começo de 2014.
 
A colheita brasileira deve começar muito em breve, e a pergunta que não se cala é quanto de estoque o país conseguirá carregar. O aumento do preço mínimo dará mais folego para o financiamento, dado que este número é usado pelos bancos para cálculo de colateral, mas ainda assim não faz café desaparecer imediatamente. A pressão inflacionária no Brasil, a safra menor (que não será pequena), e o carrego percebido como alto, continuam sendo fatores que devem enfraquecer os diferenciais, mesmo que o terminal volte a cair.
 
O clima esta semana, ou melhor, o aviso de que vai esfriar, deu algum folego em função dos fundos estarem vendidos. Já para fazê-los inverter a posição a história nos aponta que isto raramente acontece neste período dado que a sazonalidade pesa e normalmente os preços caem até meados de julho.
 
Um fechamento acima de US$ 145 centavos é preciso para que o mercado quebre finalmente este intervalo de 10 a 15 centavos que vem negociando há alguns meses.
 
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.
 

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
 


 

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