ALERTA AOS PRODUTORES DE CAFÉ, por Francisco Ourique

11 de outubro de 2013 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Rede Social do Café


 


Os preços do café poderão sofrer de uma forte reversão de tendência nas próximas semanas!


 


A combinação de todas as expectativas, esperanças, negativas para o preço do café vem sendo lançadas no mercado de forma interrupta nos últimos meses,ardil construído por membros da comunidade cafeeira mundial, da língua para fora, soldado com o dinheiro dos fundos de investimento, que vendem sistematicamente café, que eles não tem e não controlam.


Os fundos contam hoje com posição vendida da ordem de 10,2 milhões de sacas de café contra a bolsa americana e, com o lucro apurado nos últimos semestres, podem, confortavelmente, esperar para decidirem o que e quando vão alterar seus ” investimentos ” em café.O problema é que eles estão vendidos contra o mês de dezembro de 2013, detalhe que tem profundo significado, como veremos mais abaixo.


A falta de liquidez do mercado das últimas semanas podem acabar por gerar um sério problema para os fundos, que podem devolver ao mercado o valor que for para se livrarem do problema em que se meteram.


Qual é o problema?


O café hoje está com os preços tão atrativos para a indústria, gerando margens anormais, caixa, que todos os torrefadores de café do planeta, e seus acionistas, ficariam maravilhados se pudessem congelar e travar o fluxo e preço do café de todas as origens. Os balanços da indústria de 2013 e, portanto, de 2014 seriam esplendidos, como dizem os ingleses, no secular processo de acumulação de renda.


O problema é que o pipe line de café da indústria para a cadeia de distribuição e os estoque de café verde nos países importadores está desconfortavelmente BAIXOS.


Por outro lado, com o ingresso do inverno no hemisfério norte e com o consumo de café em MAIS duas dezenas de países do mundo, os chamados emergentes, esta em franca expansão, o terrorismo da super produção pode virar de vitória á derrota.


O desfecho desse cenário explosivo vai depender do comportamento, da resistência e esperança dos produtores mundiais de café.


Evidentemente, sabemos que o novo entrante na produção mundial de café, o Vietnã, conta com administradores que acham que o market share é a fonte do sucesso. Será que seus produtores pensam igual, o default contratual dos últimos anos parece indicar que não.


Mesmo tendo o Brasil se atrapalhado todo na condução da política pública para a corrente safra, erros que colocaram mais lenha na fogueira baixista instalada no mercado, o fato é que todos os membros da comunidade cafeeira mundial revisaram nossa safra para baixo, mais em linha com a estimativa da Conab. Claro que há muita informação,com o proposito de gerar novas expectativas baixistas, que o Brasil terá uma super safra no próximo ano. 


Entre palpites e esperanças negativas de alguns, o fato é que o negócio mundial de café é hoje da ordem de 150 milhões de sacas de café. Sem isso, os indústrias não otimizam suas fabricas e os consumidores ficam sem O QUE QUEREM COMPRAR PARA SEU CONSUMO.


Olhando a conjuntura por esse prisma, podemos dizer com convicção que o ordenamento do fluxo de disponibilidade de café ao mercado nunca foi tão determinante como agora para o futuro dos preços do café no curto prazo.


O fluxo de café é função de uma serie de variáveis, além de políticas públicas, sendo a que nos interessa nessa matéria o clima. 


A combinação de condições adversas de colheita na America Central, com a ferrugem existente sendo mais um elemento de atraso de fluxo, e a Colômbia implementando uma política mais serena de comercialização, podem fazer toda a diferença. Essa diferença levará o mercado a ingressar em deficit de café disponível de curto prazo, aquele que o torrador precisa para manter as prateleiras do supermercados do mundo cheias.


Neste cenário, a liderança do Brasil,  explicando para o mundo que o terrorismo de uma super produção brasileira não existe, é fundamental.


A fraqueza da interlocução brasileira com o mundo é evidente, mas o país conta com instituições solidas que podem ser acionadas para AGIR.


Será que não há no Brasil gestor público capaz de pegar o telefone e se articular com outros países? 


Sucesso e derrota em mercados de commodities são função de ações, articulações e informações. Taticamente, os terroristas estão em vantagem pois diariamente estão trabalhando e disseminando suas informações e avaliações.


O Brasil precisa de um líder, de um porta voz, que fale por nós e que saiba combater, já que o mercado do café é um campo de batalhas na disputa por renda onde o consumidor não tem a menor ideia do que esta acontecendo. 


 


 


Francisco Ourique – Economista


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