15/09/2011
País movimenta um terço do total consumido em todo o continente; números atuais voltam ao nível pré-crise. Setor de orgânicos saltou de € 3,1 bi em 2003 para € 5,8 bi em 2008, com expansão anual média de 11,5%
CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM
Berço do movimento verde e pilar do sucesso econômico na Europa, a Alemanha ganhou o status de “meca bio” europeia, com um mercado de produtos alimentícios orgânicos diversificado, dinâmico e líder no continente.
Em cinco anos, o setor teve expansão média anual de 11,5%, saltando de € 3,1 bilhões em 2003 para € 5,8 bilhões em 2008.
A partir daí, como reflexo da crise econômica, o mercado praticamente estacionou. Mas a expansão das fazendas orgânicas prosseguiu, e números prévios de 2011 já indicam uma volta a níveis de crescimento pré-crise. A movimentação no país é 33% do total da União Europeia.
“A Europa Central foi o berço do movimento romântico sobre como unir as pessoas à natureza. Isso levou muito cedo ao início da produção e do consumo de alimentos ecológicos e, em parte, explica o sucesso mercadológico”, afirma Alexander Beck, da Associação de Produtores de Alimentos Ecológicos, lembrando que Áustria, Suíça e Dinamarca também têm setores orgânicos fortes.
“Essas estão entre as sociedades com maior sucesso econômico na Europa, e isso permite que parcelas da população optem por comprar produtos alimentícios mais caros, como é o caso dos orgânicos”, diz Beck.
Ao longo dos anos, a produção se diversificou. Se antes era voltada apenas para produtos de primeira necessidade, agora há em oferta uma gama de supérfluos -de sorvetes a refrigerantes.
Um caso de sucesso é a linha de refrigerantes Bionade, produzido na Baviera e exportado para diversos países. Presente em restaurantes, bares e cafés, a marca vende mais de 200 milhões de garrafas anualmente.
Mais recentemente, apareceram também bebidas de cola orgânicas.
“Nossa intenção inicial foi fazer uma série de refrigerantes orgânicos. Mas a maioria dos nossos clientes disse que estaria interessada num refrigerante de cola em que todos os ingredientes da coca-cola fossem extratos orgânicos”, diz Annett Sachs, da Brauerei Neumarkter Lammsbräu, que produz a Now Black Cola, seu produto mais vendido na linha de refrigerantes.
VALORES
Pesquisas apontam que o consumidor alemão se guia pelos seguintes valores ao optar por produtos orgânicos: proteção à natureza, preocupação com alimentação saudável, o bem-estar dos animais e a minimização do impacto de produtos químicos no organismo e na natureza.
Pelas regras da União Europeia, é considerado orgânico, com o selo correspondente, o alimento que obtenha 95% de ingredientes de produção orgânica.
À parte da certificação europeia, a Alemanha criou seu próprio selo, o Bio, que goza de amplo reconhecimento entre os consumidores locais -daí o apelido “bio” a tudo o que é orgânico.
Apesar de ser um selo voluntário, ele já conta com a adesão de mais de 50 mil produtos naquele país.
Os maiores consumidores e os setores orgânicos mais desenvolvidos se encontram no sudoeste alemão, em Estados como Baden-Württemberg, Baviera, Hesse e Renânia Palatinado.