Alemães pedem para AL investir em infra-estrutura

Por: O ESTADO DE S. PAULO

Empresários condicionam aumento do comércio com a região a melhorias em portos, aeroportos e rodovias


As grandes empresas alemãs com interesses na América Latina pediram ontem aos governos da região que invistam “maciçamente” em logística e infra-estrutura, se desejam crescer e competir no comércio mundial.


“O aumento das trocas comerciais com a América Latina depende da melhoria urgente das infra-estruturas aérea, marítima e terrestre”, disse o diretor da Lufthansa Cargo, Thomas Kropp, aos mais de 200 investidores alemães e latino-americanos reunidos em Hamburgo (norte da Alemanha) por ocasião do Dia das Américas.


A associação empresarial Latinoamerika Verein organiza o evento anualmente. Este ano, o ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos do Brasil, Pedro Brito, participou da reunião. Brito reconheceu que “é preciso investir em infra-estrutura” e anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer exatamente isso.


Brito ressaltou que os portos brasileiros – 150 de gestão privada e 40 de administração pública – têm caráter estratégico, já que são responsáveis pelo transporte de quase 90% dos produtos exportados pelo País.


Ele acrescentou que as autoridades, com o objetivo de manter esse tráfego e até aumentá-lo, farão novos investimentos em infra-estrutura.


O diretor da Lufthansa Cargo afirmou que praticamente todos os aeroportos da América Latina estão operando no limite de sua capacidade, que há poucas pistas de pouso e decolagem e as que existem precisam passar por reformas, enquanto as conexões por terra deixam muito a desejar. “De nada adianta falar sobre como aumentar o fluxo comercial se os artigos não podem ser distribuídos”, criticou Kropp.


Um cenário semelhante foi descrito por Klaus Meves, diretor da Hamburg Süd, a maior empresa portuária que opera no Brasil, e pelo diretor da Rohde&Liesenfeld, Bodo Liesenfeld, que advertiu para uma estagnação comercial por motivos logísticos.


Em 2006, o volume comercial entre Alemanha e América Latina cresceu 6% e este ano deve manter esse ritmo de crescimento, segundo estudos da Latinoamerika Verein, que não fala ainda de estagnação, mas de “crescimento sustentado”.


Segundo Meves, boa parte dos portos brasileiros não tem as condições necessárias para a carga e descarga de contêineres em larga escala, seja pela falta de rampas subterrâneas ou de conexão viária ou ferroviária.


CANAL DO PANAMÁ


O ministro de Assuntos Exteriores panamenho, Samuel Lewis Navarro, falou sobre as obras para a ampliação do canal, o maior projeto de engenharia do mundo, no qual várias empresas alemãs também têm interesse.


Navarro foi questionado pelos empresários sobre a política de preços que o Panamá adotará assim que a ampliação for concluída. “O Panamá tem interesse em que esta rota se mantenha e, para isso, os preços precisarão ser muito competitivos, como são agora e continuarão sendo”, respondeu.


Foi o Brasil que travou Doha Comissária da UE se diz desiludida com posição do País


A comissária européia de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Mariann Fischer Boel, afirmou que a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) “foi travada pela posição do Brasil”.


Fischer Boel, que iniciou ontem visita oficial à Argentina, disse em entrevista publicada no jornal Clarín que se “desiludiu muito” com o resultado da reunião de junho em Potsdam (Alemanha) entre Estados Unidos, União Européia (UE), Índia e Brasil.


“Fiquei desiludida pelo fato de o Brasil não abrir as indústrias. Fracassou por sua posição e perdemos a oportunidade de chegar a um acordo.” Fischer Boel disse que desde a reunião em Hong Kong da OMC, em 2005, americanos e europeus enviaram mensagens claras de redução de tarifas, o que dará possibilidades de acesso a mercados como o de carnes.


“Na indústria devem nos dar algo em troca. Houve progressos, mas apareceu o grupo Nama-11 (aliança de países em desenvolvimento produtores de bens não-agrícolas da qual faz parte o Brasil) e lamento que o Brasil não desse mais um passo”, disse. A comissária européia lembrou o peso do Brasil que também representa nas negociações pela liberalização do comércio mundial (Doha) o chamado G-20, grupo formado por países em desenvolvimento, e o Mercosul. Fischer Boel disse que, se a Rodada Doha não der resultados positivos este ano, “passará talvez para 2010”, por causa das eleições no próximo ano nos Estados Unidos.


Na segunda-feira, Fischer Boel vem ao Brasil e se encontra com representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e do Fórum Permanente de Negociações Agrícolas Internacionais. Ela também deve se reunir com o ministro interino da Agricultura, Silas Brasileiro. A comissária visitará produtores de etanol e açúcar.


 

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