Agrotóxico é usado sem cuidado em 56% das propriedades

Por: O Estado de S. Paulo

01/10/09


Apenas 21% dos estabelecimentos recebem orientação regularmente


Jacqueline Farid, RIO


O uso de agrotóxicos ocorre sem assistência técnica ou auxílio de equipamentos adequados de proteção em grande parte dos estabelecimentos agrícolas do País. O Censo Agropecuário do IBGE mostrou que 56% do 1,4 milhão de propriedades que utilizam agrotóxicos não recebem orientação técnica.


Além disso, o pulverizador costal, equipamento de aplicação que representa maior potencial de exposição, é utilizado em 70% dos estabelecimentos que usam algum tipo de agrotóxico. Pelo menos 20% dos estabelecimentos que usam agrotóxicos, ou 296 mil, não utilizam proteção individual.


Segundo o técnico do censo Elpidio Venturini Freitas, mesmo quando os produtores respondem que usam equipamento de proteção para a aplicação dos agrotóxicos, muitas vezes eles se resumem a luvas e botas. “Há necessidade de políticas e programas para ter controle do uso desses produtos.”


Freitas observa que, de modo geral, a escolaridade é baixa entre os produtores que usam agrotóxicos. Nos estabelecimentos onde houve aplicação, 78% dos responsáveis (1,06 milhão) pela direção declararam ter ensino fundamental incompleto. “Como as orientações de uso de agrotóxicos que acompanham esses produtos são de difícil entendimento, o baixo nível de escolaridade está entre os fatores socioeconômicos que potencializam o risco de intoxicação.”


O censo revela também que a maioria (56%) dos estabelecimentos que usaram agrotóxicos não recebe orientação técnica e apenas 21% a receberam regularmente. A assistência técnica é, aliás, bastante limitada. Segundo o censo, esse tipo de orientação só é praticada em 22% dos estabelecimentos.


Para o secretário executivo e ministro interino do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Daniel Maia, esse é um dos desafios apontados, já que é preciso expandir esse tipo de assistência para aumentar a produtividade.


De acordo com o censo, a orientação está restrita às grandes propriedades, já que a área média do grupo que recebeu assistência é de 228 hectares, enquanto a dos não assistidos é de 42 hectares. A orientação técnica de origem governamental atinge 43% dos estabelecimentos e está mais voltada a propriedades menores, com área média de 64 hectares.


O censo revela ainda que o nível de instrução de quem dirige o estabelecimento tem “forte relação” com o recebimento de orientação. Dos produtores com instrução igual ou inferior ao ensino médio incompleto, apenas 16,8% receberam assistência técnica, enquanto para os produtores com ensino fundamental completo o porcentual sobe a 31,7%



 

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