(26/02/2009 16:23)
Os avisos fitossanitários divulgados recentemente alertam sobre a necessidade do monitoramento das lavouras, principalmente em relação à ferrugem. De acordo com pesquisadores da Epamig de Lavras, MG, este ano, os índices da doença estão bem acima da média, é o que acontece em uma das fazendas experimental.
“Em janeiro de 2008, a ferrugem estava em torno de 1% a 2% de folhas com sintomas da ferrugem, neste mesmo mês, só que em 2009, este índice já está próximo de 7%, ou seja, é quase sete vezes mais do que estava em 2008. Hoje, em fevereiro, no levantamento da primeira quinzena, nós estamos com 17% de folhas com sintomas da ferrugem e nesta mesma data em 2008, a gente estava em torno de 8% das folhas com ferrugem, o dobro”, disse G. Rodrigues, pesquisador da Epamig.
Os índices elevados de ferrugem nas lavouras este ano são conseqüências das chuvas e da alta dos insumos que fizeram com que os produtores diminuíssem os investimentos no cafezal. Mas, engenheiros agrônomos apontam para a necessidade de um monitoramento imediato.
“Vai separar os seus talhões de acordo com o ano de plantio, de acordo com as variedades que tem na sua lavoura. Ele vai coletar folhas na ordem de 100, 200 ou 300 folhas por talhão. Então vão coletar folhas no terço médio da planta, vai pegar ramos produtivos e vai tirar folhas do terceiro ou quarto par de folhas. Então ele vai recolher essas folhas e levar para um ambiente e fazer a contagem total de folhas e separar aquelas folhas onde ele vê os sinais ou sintomas da doença. Depois vai fazer um cálculo para determinar qual a porcentagem de incidência da ferrugem”, disse Rodrigo Luz da Cunha, pesquisador da Epamig.
“Com base nesse levantamento que o produtor vai fazer, se ele obter mais de 5%, ou seja, se em 100 folhas ele encontrou 5 folhas com incidência da ferrugem, então nesse momento ele já deve entrar com o controle químico em suas lavouras. Ele tem que pensar, talvez, em produtos já protetores, produtos curativos para o controle dessa doença”, complementou Cunha.
O que preocupa é que se o cafeicultor não cuidar a safra de 2010 poderá ser comprometida.
“Aquele cafeicultor que ainda não fez controle, vai ter que fazer um controle agora e talvez com 40 a 45 dias já entrar com a segunda aplicação. Se hoje nós temos 16% de folhas com ferrugem, com sintomas de ferrugem, uma redução nesse nível de precipitação, no volume de água, com chuvas mais brandas, teremos seguramente, em março, quase 40% de folha com sintomas de ferrugem, daí o índice já fica incontrolável”, disse Rodrigues.
O cafeicultor José Maria Pereira que produz café em Três Pontas, MG, investiu, nos últimos dois anos, na aplicação de defensivos no solo e nas folhas, ele gastou cerca de R$ 1000,00/hectare.
“Gasta, fica caro, sem dúvida, mas se não fizer os cuidados, e também os fertilizantes, não colhe não”, disse o cafeicultor.
Esse ano ele vai produzir 600 sacas de café e espera recuperar o dinheiro investido.
“Se você não fizer com que ela te dê produção, ela fica tua inimiga. Se você não der comida para ela, ela fica tua inimiga. Se você tem uma quantidade grande de lavoura e não está tendo condição de adubar ela toda, então diminua a quantidade de lavoura e aduba. Mas faz o trato certo e na quantidade que ele tenha condição. Se não tem condição, sai do ramo e vai procurar outra coisa, porque senão ele está sem nada”, finalizou José Maria.