18/02/2010 – A aquisição da americana Terra Industries pela norueguesa Yara, anunciada na segunda-feira, dá uma ideia da efervescência por que passa o segmento de fertilizantes. Como observa o “Financial Times”, 2010 tem menos de sete semanas, mas negócios que somam US$ 10 bilhões já foram fechados nesta frente no mundo.
Em janeiro, a brasileira Vale, segunda maior mineradora do mundo, comprou por US$ 3,8 bilhões os ativos de fertilizantes da Bunge no Brasil, incluindo a participação da empresa na Fosfertil. Comprou ainda a fatia da Yara nesta última por US$ 785 milhões. A australiana BHP Billiton, maior mineradora do mundo, investiu US$ 320 milhões em uma empresa de potássio no Canadá, a Athabasca Potash, e planeja gastar mais US$ 3 bilhões no desenvolvimento de outros ativos canadenses na próxima década, observa o “Financial Times”.
Agora, a Yara International maior fabricante de fertilizantes listada em bolsa, vai pagar aproximadamente US$ 4,1 bilhões pela concorrente Terra Industries.
Para o “Financial Times”, a compra da Terra pela norueguesa – como outros negócios fechados neste ano -, trata-se menos de questões financeiras de curto prazo e muito mais de uma aposta de longo prazo no setor agrícola. E a razão é simples: em meados do século, observa o jornal britânico, o mundo terá provavelmente mais 3 bilhões de bocas para serem alimentadas. Além disso, preocupações ambientais devem limitar a abertura de novas áreas de cultivo. Assim, aumentar a produtividade dos campos já existentes é fundamental.
Um relatório do Credit Suisse, divulgado ontem pela Bloomberg, corrobora a perspectiva de aumento da demanda por fertilizantes. A instituição elevou seus preços-alvos para nitrogênio, potássio e fosfato, como reflexo da recuperação da demanda global pelo insumo. O banco elevou a previsão para o preço da ureia em 2010 em US$ 20 por tonelada para todas as regiões. Para o DAP, em US$ 65 por tonelada para todas as regiões e para o MOP em US 10, dependendo da região.
“Nós temos visto demanda sólida para os três nutrientes”, escrevem analistas do banco, acrescentando esperar uma forte recuperação da demanda. Segundo a Bloomberg, os analistas do Credit mencionam como razões para a alta dos fertilizantes preços atraentes, melhora da economia, maior disponibilidade de crédito para os agricultores e necessidade de recomposição dos estoques.
O banco também elevou a previsão para os preços em 2011. Para a ureia, a alta é de US$ 10 em todas as regiões; para o DAP, de US$ 30, e para o MOP, de 5 no no noroeste da Europa.
Num desdobramento do anúncio da compra da Terra pela Yara, a canadense Agrium Inc., afirmou, na terça-feira, que a americana CF Industries Holdings Inc. deveria reconsiderar a sua oferta de compra. “A Terra era um player regional de menor porte, como a CF”, disse o porta-voz da Agrium, Richard Downey, à Bloomberg. “Eles perceberam que há benefícios em ser parte de um companhia maior global. Mais cedo ou mais tarde, a CF vai reconhecer isso também”.
No último ano, a CF, com sede em Illinois, recusou várias ofertas da Agrium. Segundo a Bloomberg, a empresa americana não se pronunciou (Valor, 18/2/10)