AGRONEGÓCIO: Conflito entre ministérios prejudica produtor
SÃO PAULO, 5 de março de 2009 – Os entraves entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem trazendo problemas para os agropecuaristas brasileiros. Pelo menos esse era o sentimento entre os participantes do seminário “Desafios do Agronegócio Café para 2009: Sustentabilidade, mão de obra e mercado internacional”, promovido pela Universidade do Café Brasil (UDC), na Universidade de São Paulo (USP), que termina amanhã.
Segundo os presentes no evento, o Mapa, liderado por Reinhold Stephanes, tem perdido a briga com o MMA, de Carlos Minc. As leis ambientais e as multas aplicadas tornaram-se uma dor de cabeça aos produtores. “Todos querem a preservação ambiental, mas há um descompasso entre o urbano e o rural, com o qual o produtor não pode pagar a conta”, disse um participante.
Como as áreas de proteção ambiental nas propriedades são de responsabilidade do agropecuarista, qualquer incidente, como o surgimento de um incêndio, por exemplo, é ele que responde pelos danos causados à natureza. “O produtor ainda corre o risco de deixar de ser réu primário”, completa o participante.
De acordo com o professor do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (PENSA), Samuel Giordano, o ruralista precisa se mobilizar e dialogar. “O produtor necessita influenciar no código ambiental para torná-lo exequível”.
Giordano diz que a questão que resta é a valoração das áreas de floresta em pé. “Beneficiará o Estado e os proprietários”, diz. Uma alternativa, segundo o professor, é a compensação em outras locações, onde se paga uma outra propriedade para prestar o serviço em uma área que possa compensar as perdas ambientais na propriedade produtora. Ele cita áreas como a Serra da Cantareira e norte do Paraná como regiões que podem fazer a compensação. ‘Isso é sustentabilidade”, diz Giordano.
O executivo da illycaffè, Giacomo Celi, diz que cada produtor e cada região tem suas peculiaridades. “A sustentabilidade não pode ser uma lista de práticas específicas igual para todos”. Porém ele lembra que a lei é discutível, mas é um princípio. “A mudança de clima tem impacto direto na produção de café. Afeta o produtor e o consumidor”. Celi diz que ainda que há o risco desequilíbrio de produções. “Vai faltar um produto e ter sobreprodução de outro”. (Sérgio Toledo – InvestNews)