A certificação faz parte do Agrominas: um programa estruturador do governo do Estado que tem o objetivo de promover planos e ações para melhorar a qualidade do café produzido, aumentar a remuneração dos agentes da cadeia produtiva, além de incrementar a i
“Temos que nos adequar às exigências do mundo globalizado. Caso
contrário, o nosso café vai perder mercado”. O alerta foi feito nesta
sexta-feira (4) pelo secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento de Minas Gerais, Silas Brasileiro, durante reunião em Belo
Horizonte sobre o programa de rastreabilidade e certificação das propriedades
cafeeiras de Minas. A certificação faz parte do Agrominas: um programa
estruturador do governo do Estado que tem o objetivo de promover planos e ações
para melhorar a qualidade do café produzido, aumentar a remuneração dos agentes
da cadeia produtiva, além de incrementar a industrialização de cafés de
qualidade. O programa de rastreabilidade e certificação foi anunciado pela
Secretaria no final de outubro.
No encontro, também estiveram presentes representantes da
Emater, IMA e Epamig (entidades vinculadas à Secretaria), além do
secretário-adjunto Marcelo Franco, de técnicos da Secretaria e do consultor do
Agrominas para Certificação, Ensei Uejo Neto. O objetivo da Seapa é criar um
programa de certificação de qualidade que possa atender a todos os tipos de
produtores. “Os pequenos agricultores serão os principais beneficiados, pois
terão oportunidade de conquistar o mercado internacional”, afirma o secretário.
O plano de trabalho prevê etapas como adesão dos agricultores, diagnóstico das
propriedades, treinamento de produtores e monitores, ajuste às normas
estabelecidas e auditoria para certificação de qualidade e de boas práticas
agrícolas.
O trabalho vai usar o know-how das entidades vinculadas à
Secretaria. “Minas Gerais já está pronta, pois os órgãos da Seapa têm atuações
abrangentes e bem definidas em todo o Estado”, explica Ensei Neto. A Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) vai ser responsável pelo
acompanhamento das tendências de mercado e pelo desenvolvimento de tecnologias
de produção sustentável. As fazendas da empresa também serão usadas como
referência para os agricultores. A Emater-MG dará suporte com o trabalho de
assistência técnica, extensão rural e capacitação de agricultores. Já o
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) vai contribuir como verificador do
cumprimento das normas para a produção de café e também como órgão certificador.
“Vamos ter que vencer algumas barreiras encontradas hoje em dia para a
certificação, como o alto custo do diagnóstico e da certificação das
propriedades”, explica o consultor do Agrominas.
Segundo Silas Brasileiro, as exigências para conquistar o
mercado internacional de alimentos são cada vez maiores. Ele deu como exemplo o
Japão. “Hoje o ministério mais importante daquele país é o da Segurança
Alimentar”. O consultor Ensei Neto reforça a opinião do secretário. Neto explica
que, além do Japão, outros importantes compradores do café brasileiro, como
Europa e Estados Unidos, se preocupam com questões ambientais, segurança
alimentar e com a rastreabilidade dos produtos importados. Segundo o consultor,
a certificação é um meio de comunicação entre consumidores e produtores e acaba
agregando valor ao produto. “Além de ser uma garantia de procedimentos e
práticas, é um item de diferenciação no mercado”.
O secretário da Agricultura informou que o mercado para cafés
com rastreabilidade e certificados é favorável para grandes e pequenos
produtores. Nos Estados Unidos, por exemplo, o selo Fair Trade está em expansão,
com um crescimento de 20% ao ano, movimentando US$ 80 milhões. Este selo
certifica cafés de qualidade, produzido por pequenos produtores que seguem
normas específicas sobre meio ambiente e de produção. “Os agricultores com o
selo Fair Trade conseguem um ágio de US$ 50 pela saca de café”.
Ainda neste mês a Secretaria da Agricultura vai nomear os
integrantes do Comitê Coordenador do Programa, que tem o objetivo de definir
estratégias para a certificação e de cumprir o cronograma de implantação. Também
será formado um Comitê Normatizador que ficará responsável pela atualização das
normas do programa, com base nas transformações do mercado do café. Os dois
comitês serão compostos por representantes da Secretária da Agricultura e de
suas vinculadas. Os trabalhos do programa de certificação começam em janeiro de
2006 com a elaboração de documentos técnicos, definição de metodologia e
treinamento. As primeiras certificações de propriedades cafeeiras no Estado
devem ser realizadas até o final do ano que vem.
Recursos
Silas Brasileiro conta que “o governador Aécio Neves está dando
apoio imprescindível para o desenvolvimento do agronegócio mineiro”. Mas,
segundo o secretário, se for preciso, poderão ser obtidos recursos
internacionais. A Colômbia conseguiu recentemente, junto ao governo alemão, 30
milhões de euros para desenvolver um programa de certificação para pequenos
produtores de café. O país é hoje uma referência mundial neste setor. A
certificação virou até disciplina nas escolas fundamentais. “O que precisamos é
apresentar um projeto bem estruturado e já demos um grande passo com a criação
do Programa de Certificação dentro do Agrominas”, diz o
secretário