Por Pedro Carvalho
A necessidade de criação de um seguro agrícola é uma das principais discussões dentro do 7º Simpósio Nacional do Café (Agrocafé), que teve início ontem, em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. Mais de 800 cafeicultores, de várias partes do país, participam do evento, que segue até amanhã. O seguro seria uma das alternativas para amenizar, por exemplo, os prejuízos causados pelas estiagens. É o que ocorre, este ano, na Bahia, onde a seca deve provocar uma queda de 20% na safra de café, de 2,2 milhões para 1,76 milhão de sacas.
A efetivação do seguro, pelos bancos, depende de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviar ao orçamento da União recursos para o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). “Além das condições climáticas desfavoráveis, o endividamento do setor é grande, e ficou mais complicado com o veto do Lula ao projeto de lei de renegociação das dívidas dos agricultores nordestinos”, afirmou Eduardo Salles, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), que organiza o evento. Segundo ele, a medida provisória, que substituiu o PL, não beneficia os produtores da região.
O seguro beneficiaria produtores de todas as culturas agrícolas, a exemplo do que já ocorre em outros países. Salles enfatizou que não adianta apenas renegociar as dívidas do pequeno e do médio produtor, sendo necessário evitar novos débitos decorrentes de fatores climáticos. Ele disse ainda que providências como esta, somadas a investimento em tecnologias, são fundamentais para estimular uma produção de alta qualidade.
O 7º Agrocafé reúne cafeicultores, principalmente, dos estados de maior produção, como Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Espírito Santo. O evento, que acontece pela primeira vez no interior – as outras seis edições aconteceram em Salvador – é marcado pela presença de pequenos produtores. “A realização do evento nas regiões produtoras possibilita a participação dos cafeicultores de pequena propriedade, o que é muito importante”, destacou Eduardo Salles.