Futuro da cafeicultura baiana passa pela qualidade
O Simpósio Nacional do Agronegócio Café – AGROCAFÉ abriu, nesta segunda-feira (11), a programação da sua 16a edição. A solenidade, que contou com a presença do governador da Bahia, Rui Costa, três secretários estaduais e representantes de todos os elos da cadeia produtiva do café, teve como tônica em todos os discursos a importância da qualidade com fator de diferenciação para os cafés das pequenas propriedades do estado. A Bahia galgou posições em qualidade nas últimas duas décadas, o que se atribui à conscientização, sobretudo, dos representantes da agricultura familiar, público de maior expressão no AGROCAFÉ, que, assim como o Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, é promovido pela Associação dos Produtores de Café da Bahia –ASSOCAFÉ.
De acordo com o presidente da ASSOCAFÉ, João Lopes Araújo, a entidade completou este mês 20 anos de fundação e tem sido um importante agente para as mudanças de paradigma entre os produtores do estado. Este ano, a entidade enfrentou uma série de dificuldades para realizar o evento. “Fomos contingenciados em mais de 40% dos repasses de recursos com os quais tradicionalmente trabalhávamos, no entanto, não desistimos, porque não é da natureza do cafeicultor desistir, e entendemos que esta é uma das poucas oportunidades para o cafeicultor da agricultura familiar ter acesso à informação especializada”, disse.
João Lopes abordou a situação do café no Brasil, assim como o contexto mundial. Reclamou da manutenção do preço mínimo estabelecido para o café arábica em R$307 por saca, corrigindo o conillon em R$12,74, que saiu de R$180,8 para R$193,54. “Em nada ajuda, até porque se os preços chegassem a estes níveis, o Tesouro possivelmente não teria condições de praticar, no cenário atual”.
Presidente do Centro de Café da Bahia (CCB) e da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o empresário Silvio Leite destacou a produção baiana, assim como as condições de sustentabilidade ambiental e trabalhista, que estão sob as mais rigorosas leis do mundo. “Isso merece ser divulgado. No último concurso Cup of Excellence, dos 21 melhores cafés selecionados no Brasil, nove eram da Bahia, e os cinco melhores colocados do ranking nacional eram da região de Piatã. O produtor entendeu que a qualidade é o melhor fator de diferenciação no mercado. Ele está conseguindo seu espaço, respeito e, agora, seu preço no mercado externo. Isso é fruto da dedicação e de eventos como este”, concluiu Silvio Leite.
Pesquisa
O AGROCAFÉ, nos 16 anos de existência, sempre contou com a presença das autoridades do estado e do município na abertura. Esta foi a edição de estreia do governador Rui Costa, que anunciou no Simpósio a disposição para investir em pesquisa para melhoramento em todas as atividades relevantes da economia baiana, onde se destaca o café.
“A produção de café é extremamente importante para a Bahia e nos trabalhamos para que ela cresça em vários municípios e regiões. Nosso objetivo é fazer uma parceria com as associações de produtores para incentivar a pesquisa via Secretaria da Ciência e Tecnologia, para que as universidades baianas junto com a Embrapa, possam aperfeiçoar e melhorar as tecnologias para a produção de café na Bahia”, afirmou.
Após a abertura, seguiu-se a palestra do economista Paulo Rabello de Castro, que empolgou a plateia com a crítica bem humorada ao modelo econômico brasileiro, e alertou para um futuro pouco animador, com recessão, manutenção dos preços das commodities em patamares baixos, e desvalorização do câmbio, não apenas no Brasil, como nos países concorrentes.
Participaram da mesa de abertura, além do governador da Bahia, do presidente do CCB e do presidente do Assocafé, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, o presidente da CNA, João Martins da Silva Jr, o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, representante dos municípios de café da Bahia, dentre outros.
A programação prossegue até a quarta-feira (13). Mais informações em: www.agrocafe.com.br