Bons ventos sopram sobre o agronegócio paulista. A cana-de-açúcar deve continuar a grande promessa dos próximos anos, e a agricultura do estado, que já apresenta bons resultados também com outras culturas, como laranja e café, deve despontar ainda mais. O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário de São Paulo gira em torno de R$ 38 bilhões, cerca de 7% do PIB estadual. Já o agronegócio, que envolve todo o setor até a operação financeira, foi de cerca de R$ 210 bilhões, quase 40% do PIB paulista. Todo o desenvolvimento esperado, porém, enfrenta entraves, principalmente na infra-estrutura de transportes no entorno da Região Metropolitana da capital, segundo economistas e empresários da área.
Entre os obstáculos mais citados por eles para a agricultura está o alto custo de transporte. Os valores, dizem os especialistas, poderiam ser reduzidos com a conclusão do Rodoanel, cujas obras do trecho Sul foram retomadas no ano passado e devem ser finalizadas em 2010, com investimentos de R$ 800 milhões por parte do governo estadual. “Há críticas dos ambientalistas, mas as possíveis perdas ambientais são menores que as provocadas por caminhões movidos a diesel dentro da cidade de São Paulo”, afirma o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, João Sidnei Gonçalves.
Com a finalização das obras do Rodoanel, o pesquisador do IEA espera que a estatal federal Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), localizada na capital paulista, seja transferida para a região do contorno rodoviário, a fim de mudar a logística do abastecimento de hortifrutigranjeiros do estado. “Não tem sentido entrar na cidade”, critica.
Álcool – Um dos investimentos a serem feitos pelo governo estadual e que já está fase de estudo é a construção de um álcoolduto entre a cidade de Paulínia e o porto de São Sebastião, com o objetivo de escoar a produção. “Seria algo bem interessante economicamente, pois o preço do frete iria cair”, comenta o consultor de agronegócio da MB Associados, José Carlos Hausknecht.
Mas, para fazer todos os investimentos necessários em infra-estrutura, será fundamental colocar em prática as Parcerias Público-Privadas (PPPs), na opinião do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cezário Ramalho. “Temos que operar mais profissionalmente, passando concessões de ferrovias para quem tem a técnica”, diz.
Meio-ambiente – Uma legislação própria para São Paulo em relação ao meio ambiente também é um desejo do setor. “Não podemos ter a mesma política de outros estados. Ela tem que ser descentralizada do governo federal”, afirma o presidente da SRB.
Tanto Ramalho quanto o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, sugerem que sejam feitos mais investimentos na área de pesquisa. “Fortes investimentos devem ser direcionados para três culturas agrícolas que sejam interessantes para o estado”, afirma Carvalho.
O presidente da SRB reforça ainda que algumas instituições de pesquisa estão paradas. “E tecnologia é prioritário para ganhos de produtividade, renda e emprego.”
Hoje, os produtos processados representam 80% das exportações da agricultura paulista, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento estadual, que agora tem como secretário João de Almeida Sampaio Filho, ex-presidente SRB.