Pouco mais de um ano após ter seu controle adquirido pela gestora Tarpon, a Agrivalle, que atua no segmento de insumos biológicos, deu os primeiros passos no mercado internacional. Em meio à ampliação de sua estrutura fabril, ao desenvolvimento de novos produtos e ao reforço de suas equipes, a empresa, com sede em Salto (SP), começou a exportar.
Foram vendidas para países como o Paraguai soluções com foco em cereais, além de produtos para milho, soja e feijão em Angola, na África. A conquista de espaço no exterior faz parte dos planos de expansão dos negócios traçados até 2025, com a objetivo de ampliar o faturamento para o patamar de R$ 1 bilhão.
A agricultura tropical é mais “desafiadora” do que a temperada e a subtropical, afirmam executivos da companhia, e estar nesse ambiente é um fator que pode contribuir para estudos e fornecimento de tecnologias e soluções a outros países. “Temos estudado muito como nos posicionar em outros mercados. Podemos atuar diretamente, com as equipes, ou até
Crescimento acelerado
O segmento de biológicos vem crescendo a um ritmo acelerado no Brasil – cerca de 30%, em média, nos últimos cinco anos -, embora ainda represente uma fatia de apenas 2,5% do mercado total de defensivos, incluindo os químicos. Além disso, é extremamente fragmentado.
Na safra 2019/20 os defensivos biológicos movimentaram mais de R$ 1 bilhão no país, segundo a consultoria Spark. A introdução de espécies exógenas em ambientes é um cuidado importante neste segmento, comenta uma fonte. Por isso, há uma série de regulamentações específicas a seguir nos negócios com outros países. Muitas pragas, no entanto, existem e
Para essas e outras missões, a Agrivalle conta com 15 pesquisadores liderados pelo fitopatologista e nematologista Eduardo Bernardo, diretor de P&D e cofundador da empresa. Até o fim do ano, a ideia é trazer ao menos mais cinco especialistas.
O laboratório também vai aumentar, de 300 para quase 1,5 mil metros quadrados A mudança de local deverá ocorrer em novembro.
“O foco do trabalho é o universo de microorganismos – ou seja, soluções de proteção às culturas utilizando fungos, leveduras e bactérias, entre outros”, explica Bernardo. Os organismos são coletados na natureza, isolados e transformados em produtos, de modo que não deixem resíduos prejudiciais a animais pessoas.
Em um país rico em ecossistemas como o Brasil, a companhia reúne atualmente um banco genético com cerca de 770 microorganismos catalogados, que são a base do desenvolvimento de novas soluções para as lavouras. A atuação é ampla e abraça cereais, café, cana-de-açúcar e hortaliças.
Com os estudos ganhando ritmo, o plano na Agrivalle é encaminhar 31 novas soluções (ou defensivos biológicos) para registro no Ministério da Agricultura até o fim do ano, o primeiro passo para a aprovação de um lançamento. O volume de registros em 2021 corrobora o ritmo agressivo da empresa nessa nova fase pós-Tarpon. Apenas o número de novas soluções a encaminhar é quase igual ao total do portfólio da companhia até 2020 – quando somava 52 itens entre defensivos biológicos, biofertilizantes e bioestimulantes.
Em outras frentes de negócios, a empresa, criada há 18 anos, está investindo aproximadamente R$ 30 milhões para ampliar em seis vezes sua fábrica de Indaiatuba, no interior paulista, que passará a ter 80 mil metros quadrados. O time comercial dobrou, para 100 pessoas. Embora o foco geográfico no Brasil seja todo o país, desde o ano passado houve um crescimento expressivo sobretudo no Sul e no Nordeste.