A fragilidade na moeda enfraquece o valor, em termos de dólares, de bens, como o café e o açúcar, já que o Brasil é um dos principais players nesses mercados.
Os preços do café estão suscetíveis a uma recuperação a qualquer momento diante de contratempos climáticos no Brasil, disse o Rabobank, ao aumentar em 1 milhão de sacas sua previsão de déficit na produção mundial na próxima temporada, graças ao aumento nas expectativas de consumo.
O banco reconheceu que os futuros do café – que na última sessão caíram para mínimas de quase 11 meses em Nova York, já que o real brasileiro recuou diante das denúncias de que o presidente Michel Temer subornou uma testemunha – ainda poderia testar mais quedas a partir de agora.
“No curto prazo, podemos ver uma outra depreciação [nos preços]”, disse o analista do Rabobank, Carlos Mera.
“Os fundos têm sido vendedores afiados”, contra um pano de fundo que mostra aumento nos estoques visíveis, enquanto o real “continua a ser um fator potencial de baixa”.
A fragilidade na moeda enfraquece o valor, em termos de dólares, de bens, como o café e o açúcar, já que o Brasil é um dos principais players nesses mercados.
“Demanda muito forte”
No entanto, “a demanda tem sido muito forte”, disse o banco, aumentando sua previsão de consumo global nesta temporada em 700 mil sacas para 156,2 milhões de sacas e em 2017/18 em 1,4 milhões de sacas para 159,8 milhões.
A atualização reflete o desaparecimento “surpreendentemente forte” dos grãos ao comparar dados de importação e de estoques nos principais países consumidores.
Com o forte consumo minando a oferta – em um ano em que o Brasil terá sua produção de café em ciclo de bienalidade negativa – “acreditamos que as chances são de um mercado climático exacerbado durante o inverno brasileiro”, disse Mera.
Os comentários chegam em um momento que o Brasil está chegando no seu período anual de risco de geadas em áreas do Sul, com o congelamento tendo histórico de provocar picos de preços, e de fato estimulando uma mudança significativa da produção do Paraná para Minas Gerais.
No entanto, Mera sinalizou o período de floração, normalmente em torno de setembro e outubro, como uma fonte especialmente provável de ganhos de preços relacionados com o clima.
Déficit na produção global
A atualização nos números de consumo é alimentada por uma estimativa de que a produção mundial de café em 2017/18 caia 6,8 milhões de sacas com a falta de demanda.
Isso é 1,5 milhões de sacas a mais em relação à previsão anterior do Rabobank, no mês passado.
O banco manteve sua previsão de produção mundial na próxima temporada em 153 milhões de sacas, incluindo uma estimativa de 49,2 milhões de sacas na produção brasileira.
Apesar de ter uma queda de 4,8 milhões de sacas de um ano para o outro, uma safra brasileira nesse nível seria confortavelmente acima de uma previsão de 45,6 milhões de sacas estimadas no início desta semana pela Conab, agência oficial do país.
Tradução: Jhonatas Simião
Fonte: Agrimoney