Evento em Brasília apresenta corredor de paisagem regenerativa que fortalece a produção agrícola com práticas sustentáveis
Patrocínio-MG, 02 de abril de 2025 – O Consórcio Cerrado das Águas (CCA), com apoio do Sebrae Minas e do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), realiza o evento “Paisagem Regenerativa do Cerrado Mineiro – Reforçando a Resiliência Hídrica em Território Produtivo”, no San Marco Hotel, em Brasília no dia 15 de abril. A iniciativa marca um passo decisivo na construção de uma paisagem de agricultura regenerativa na região, com o objetivo de fortalecer a resiliência climática da produção agrícola, no bioma Cerrado. O encontro reunirá autoridades, representantes do setor privado e produtores para apresentar o estudo das áreas de expansão do CCA que deu origem ao projeto de um corredor de agricultura regenerativa no Cerrado Mineiro.
No bioma, que é o berço das águas e na região com vocação agrícola com uma produção de café reconhecida internacionalmente, a proposta une a conservação ambiental e produção agrícola em um mecanismo para fortalecer a resiliência climática das atividades agrícolas, essencial para a economia regional.
“O Consórcio Cerrado das Águas já é uma iniciativa inovadora e sua forma de trabalhar, olhando ao mesmo tempo para áreas de reservas, de preservação permanente e de Cerrado natural, também olha para o sistema agrícola da propriedade. Então é uma visão sistêmica que já se diferencia de várias outras instituições. Logo, é um trabalho que se mostra inclusivo e colaborativo, pois demonstra que trabalhando de forma conjunta é possível ter uma redução do risco climático, algo que se fortalece com o lançamento das paisagens conectadas pela agricultura regenerativa, mostrando que a preservação e a produção podem impactar positivamente o meio ambiente. Quem puder participar, tem muito a ganhar e a agregar”, declara Marcelo Urtado, cafeicultor na Fazenda Três Meninas e presidente do Consórcio Cerrado das Águas.
Conexão de paisagens produtivas e sustentáveis para fortalecimento da atividade
A iniciativa surgiu de uma necessidade de entender como se daria o processo de expansão de atuação do CCA. Durante o desenvolvimento do estudo, ficou claro que o fortalecimento da cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro, está diretamente relacionado ao fortalecimento de toda a cultura e que para isso será necessário o envolvimento de todos os atores. Na Região do Cerrado Mineiro, com seus 55 municípios localizados no Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas, o projeto da conexão de paisagens tem como objetivo identificar e implementar ações que promovam a resiliência hídrica e climática para os produtores, garantindo a continuidade da produção agropecuária diante das mudanças climáticas.
Um passo fundamental para o desenvolvimento do projeto foi o compartilhamento da localização de cerca de 2 mil propriedades pelos associados do Consórcio Cerrado das Águas. Esse engajamento permitiu mapear a região e propor um corredor de paisagem regenerativa integrando práticas agrícolas sustentáveis com a preservação da biodiversidade local. Assim, a conexão da paisagem, através da agricultura regenerativa, possibilita que os participantes estabeleçam metas claras e desenvolvam estratégias de insetting, que se refere a práticas sustentáveis implementadas dentro da própria cadeia de valor das empresas, suas fazendas associadas e na paisagem que compartilhar enfrentar os desafios climáticos, fortalecer as marcas da região e aumentar sua resiliência diante das mudanças climáticas. Além disso, essas ações contribuem significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
O trabalho contou com o apoio de representantes do Selo Verde de Minas Gerais e a expectativa é que, no futuro, seja possível ampliar essa parceria para incluir o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, com foco na formulação de cenários climáticos regionalizados.
“As tecnologias permitem identificar áreas prioritárias para restauração, mapear a cobertura vegetal existente, monitorar mudanças no uso do solo e detectar ameaças como desmatamento e incêndios. Além disso, essas ferramentas possibilitam a simulação de cenários futuros, avaliando o impacto de políticas de conservação e mudanças climáticas, o que é essencial para garantir a efetividade e a resiliência dos corredores ecológicos a longo prazo. O Cerrado experimenta um preocupante atraso de 36 dias na estação chuvosa, redução de 8,6% na precipitação e um aumento de temperatura de 1,5°C desde a década de 1980. Em estados como Mato Grosso, Minas Gerais, e na região do Matopiba, na Bahia. Em regiões com pelo menos 80% de vegetação nativa, pode ocorrer um atraso de 10 dias ou mais na chegada da estação chuvosa a cada dois anos. Já áreas com perda de até 20% de vegetação nativa têm esse risco praticamente nulo”, aborda Dr. Argemiro Teixeira Leite Filho, Pesquisador em Modelagem do Sistema Terrestre da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade ligada ao INPE.
Com foco em conectar paisagens e práticas sustentáveis, o evento apresentará o desenho do corredor e convida instituições públicas e privadas a se tornarem parceiras na expansão da agricultura regenerativa com uma programação que inclui palestras, mesas redondas e debates sobre os impactos positivos da estratégia apresentada e da agricultura regenerativa de forma conectada.
É importante destacar que somente com o engajamento de mais atores no território os efeitos benéficos da cobertura vegetal, como descrito pelo Dr. Argemiro, poderão ser sentidos na paisagem – para as lavouras e para a biodiversidade.
Benefícios diretos para os cafeicultores
O território produtivo do Cerrado Mineiro, com destaque para a cafeicultura, tem enfrentado grandes desafios com o avanço das mudanças climáticas. Irregularidade nas chuvas, estresse hídrico e impactos no solo têm comprometido a produtividade.
“No ano passado, o clima causou estresse nas plantas, que reagiram abortando os frutos para sobreviver — ou seja, não chegaram a se desenvolver. Mas eventos como geadas e ondas de calor já vêm se repetindo há quatro anos. Nesse período, os custos da indústria com matéria-prima subiram 224%, e o preço do café para o consumidor aumentou 110%. A Conab, em seu primeiro levantamento para 2025, apontou que Minas Gerais, maior produtor do país, deve ter uma queda de 11,6% na produção, totalizando 24,8 milhões de sacas, devido ao ciclo de baixa bienalidade e à seca prolongada antes da floração”. aponta Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Nesse cenário, a proposta do corredor regenerativo surge como uma alternativa viável e eficaz para a continuidade da cafeicultura na região que é referência em qualidade, bem como se destaca na adoção e implementação de práticas sustentáveis.
“Com práticas regenerativas adotadas na paisagem diminui-se o risco climático o risco grandes prejuízos como aqueles ocorridos na seca de 2021 que foi amortizada pela liberação de R$150 milhões pelo Funcafé. Neste contexto, a temática de seguro rural e de como acolher os produtores é fundamental”, avalia ele que afirma que a proposta da Paisagem Regenerativa é vista como uma ação de alto valor e impacto para a Região.
“Diante dos desafios climáticos que vivemos hoje, como também da escassez hídrica, uma estratégia como a construção do corredor regenerativo vai ao encontro da necessidade de tornar nossa cafeicultura mais resiliente e, neste sentido, o Consórcio Cerrado das Águas é a plataforma ideal para coordenar esta transformação pelos diversos stakeholders que reúne em sua governança”, avalia Tarabal.
O evento acontece de forma presencial e gratuita com inscrições pelo endereço eletrônico: https://doity.com.br/paisagem-regenerativa-do-cerrado-mineiro.