fonte: Cepea

Agricultura familiar terá mais R$ 1 bilhão

Governo libera dinheiro com o propósito de aumentar a produção e combater a alta dos preços. Mas o pacote é insuficiente para o setor


BRASÍLIA – A agricultura familiar, grande aposta do governo para elevar a oferta de alimentos e ajudar a conter a alta da inflação, vai contar apenas com R$ 1 bilhão a mais para o financiamento da próxima safra. Parte desse adicional deverá ser corroído pelos custos mais elevados para a produção, devido ao aumento do preço do petróleo e fertilizantes no mercado internacional. No lançamento ontem do programa, batizado de Mais Alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não há “nenhum motivo para se perder meia hora de sono” com a inflação.


Um dia depois de o preço do barril bater um novo recorde, o presidente criticou a especulação no mercado futuro de petróleo e de alimentos e acusou setores no Brasil de lucrarem com a expectativa de alta da inflação. Para Lula, há pessoas no País que estão querendo “ganhar dinheiro” às custas do temor de volta da inflação e antecipando aumento de preços. O presidente disse que pediu ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um diagnóstico sobre os motivos da especulação.


A oferta de crédito com juros mais baixos para a agricultura familiar subiu de R$ 12 bilhões no ano passado para R$ 13 bilhões neste ano. Desse total, R$ 6 bilhões serão para a compra de tratores, máquinas e implementos agrícolas com até 15% de desconto. Os motocultivadores terão desconto maior, de 17,5%. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu que os preços do feijão, produto que teve forte influência na elevação dos índices de inflação, vão cair num prazo de até 180 dias, resultado das medidas de incentivo à produção. Stephanes rebateu as críticas de que as medidas de apoio à agricultura são “tímidas” e assegurou que se for necessário, o governo vai aportar mais recursos para o campo.


A importância da produção da agricultura familiar, que responde por 70% do consumo de alimentos dos brasileiros, como a “salvação da lavoura” para o combate da inflação dominou os discursos no lançamento do programa.


O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, fez um discurso apontando a agricultura familiar como o principal caminho para o aumento da oferta de alimentos e controle da alta dos preços.


Segundo o ministro, enquanto o índice dos preços agrícolas internacionais subiu 83% nos últimos 36 meses, o da cesta básica brasileira avançou bem menos: 25%. “Hoje, o mundo está apreensivo com o problema dos alimentos, é uma crise que prejudica os mais pobres. Estamos mais protegidos, mas não imunes”, afirmou.


Durante a cerimônia, o presidente Lula voltou a insistir na necessidade de aumento da produtividade agrícola e da modernização da agricultura familiar.

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