segunda-feira, 5 de agosto de 2013 20:09
BRASÍLIA, 5 Ago (Reuters) – O Ministério da Agricultura adiou o anúncio de medidas para apoiar cafeicultores brasileiros, marcado inicialmente para a tarde de segunda-feira, e desapontou produtores que viajaram mais de mil quilômetros até Brasília.
Eles agora organizam um protesto contra o governo em Varginha (MG), área produtora de café, na quarta-feira, no dia de uma provável visita da presidente Dilma Rousseff a Minas Gerais.
“Queríamos mais do que poderíamos anunciar aqui hoje”, disse o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, em entrevista a jornalistas, justificando o adiamento do anúncio.
Andrade afirmou que o anúncio poderá ser feito em Minas Gerais, maior Estado produtor de café do Brasil, com a presença da presidente Dilma, provavelmente na quarta-feira. Mas não quis garantir a presença de Dilma no evento nem confirmar a data.
Na última sexta-feira, o Ministério da Agricultura convocou a imprensa para o evento de anúncio de medidas aos produtores de café do Brasil, que lidam com preços internacionais próximos dos valores mais baixos em quatro anos.
Andrade afirmou que o governo precisa de mais tempo para avaliar as medidas, enfurecendo os cafeicultores presentes no evento.
“Estou vendendo café a preço de bananas”, disse o produtor Flávio Bahia, vice-presidente da Câmara do Café dos Municípios das Matas de Minas, que viajou 1.200 km de Minas Gerais para ouvir o anúncio que não ocorreu. “Vamos juntar todo mundo para fazer um protesto em conjunto”, acrescentou ele.
Segundo fontes do setor produtivo disseram à Reuters na sexta-feira, o governo poderá comprar pelo menos 3 milhões de sacas de 60 kg de café, por meio de um programa de contratos de opções de venda. O produto comprado iria para os estoques públicos.
O governo estabeleceu um preço mínimo de 307 reais para o café arábica mais cedo neste ano, mas produtores esperam que o governo possa comprar o café a valores mais elevados, para ajudá-los a lidar com crescentes custos.
“Os produtores de café estão vendendo pelo preço que eles conseguem encontrar, a cerca de 280 reais por saca”, afirmou o presidente da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, Carlos Paulino.
“Com base em conversas preliminares com o governo, tínhamos a expectativa de um preço de 340 reais (de exercício para as opções), com o governo comprando 3 milhões de sacas”, disse ele a jornalistas.
Por meio do programa de opções, o governo pode sustentar o mercado ao indicar o preço que pretende comprar o café.
Caso o produtor esteja com um valor abaixo do preço de exercício na época do vencimento da opção de venda, o produtor pode exercer o direito de vender o produto ao governo.
O volume que o governo poderia comprar, no entanto, é pequeno perto da grande safra de quase 50 milhões de sacas que está sendo colhida neste ano.
(Por Nestor Rabello e Anthony Boadle)