Agrícolas caem no atacado, mas alimento pressiona inflação no varejo

Por: G1

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – Uma queda nos preços no atacado levou o IGP-10 a voltar a registrar deflação, enquanto uma aceleração dos custos de alimentos no varejo pressionou o IPC-S.


Ambos os dados, divulgados nesta segunda-feira, ficaram apenas ligeiramente acima da previsão do mercado.


O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) caiu 0,31 por cento este mês, depois de ter subido 0,54 por cento em fevereiro e de ter caído 0,85 por cento em janeiro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A mediana das previsões de dez analistas ouvidos pela Reuters apontava recuo de 0,35 por cento.


O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) avançou 0,37 por cento na segunda prévia de março, ante 0,35 por cento na primeira leitura e prognóstico do mercado de 0,36 por cento.


Na avalição da FGV, março será um mês de deflação para os IGPs, mas ela não se prolongará.


“Março será um mês de IGPs negativos. Com o IGP-10 e o início da safra, as deflações são praticamente certas para IGP-DI e IGP-M. Não vai ser um ciclo de deflação prolongada. Serão taxas negativas que caminharão para o terreno positivo”, disse Salomão Quadros, responsável pelos índices.


A queda do IGP-10 em março foi a terceira deflação desde o agravamento da crise global em setembro do ano passado. Quadros ressaltou que a deflação dos IGPs só não será mais aguda e prolongada porque os produtos industriais, que têm peso de 75 por cento no IPA, já dão sinais diferentes após meses de deflação provocada pela redução da demanda global.


Entre os componentes do IGP-10, o Índice de Preços por Atacado (IPA) declinou 0,57 por cento, seguindo a alta de 0,52 por cento anterior. O IPA agrícola caiu 1,49 por cento e o IPA industrial declinou 0,26 por cento.


“A deflação industrial está ficando mais fraca. Não tinha como cair mais. O petróleo e os fertilizantes, que tinham caído muito no segundo semestre do ano passado, já pararam de cair. Há um abrandamento da queda. Não se espera que a economia mundial vá aprofundar ainda mais na crise”, avaliou Quadros.


As principais quedas individuais de preços no atacado foram de nafta para petroquímica, açúcar cristal, ovos, cana-de-açúcar e laranja.


Ainda dentro do IGP-10, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,29 por cento em março, abaixo da elevação de 0,64 por cento de fevereiro.


O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou variação positiva de 0,01 por cento, desacelerando sobre o avanço de 0,43 por cento no mês passado.


VAREJO


No IPC-S, quatro dos sete grupos componentes mostraram aceleração. O coordenador da FGV André Braz creditou a ligeira elevação do índice à pressão dos alimentos in natura.


“São itens mais voláteis que estão sofrendo com as temperatura mais altas este ano. Assim como sobem muito rápido, os alimentos devolvem essa alta rapidamente e, no médio prazo, a repercussão no índice é pequena.”


Os preços de Alimentação subiram 0,37 por cento nesta leitura, ante avanço de 0,24 por cento na anterior.


Braz prevê que o IPC-S vai encerrar o mês de março em torno de 0,35 por cento. “Os produtos mais importantes como educação estão perdendo força e isso vai ajudar bastante”, disse Braz.


O IGP-10 foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 de fevereiro e 10 de março. O IPC-S mediu os preços de 16 de fevereiro a 15 de março.

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