Mauro Zanatta, de Brasília
Uma blitz política tentou na quarta-feira arrancar uma solução do Ministério da Fazenda para renegociar a dívida de R$ 4,2 bilhões dos produtores de café. Capitaneados pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), duas dezenas de parlamentares e lideranças do segmento pressionaram o ministro Guido Mantega a rolar os débitos por 20 anos em parcelas inferiores a 5% do passivo e carência até 2010. Mais: as dívidas financeiras seriam convertidas em sacas de café ao preço de R$ 320 por unidade de 60 quilos.
A equipe econômica do governo tem sido contra a maior parte dos pedidos. Agora, com a entrada de um nome de envergadura política como Aécio, o jogo pode mudar. A comitiva também pediu ao ministro a “absorção” de metade das dívidas dos cafeicultores com os bancos privados. Estima-se que R$ 1,5 bilhão estejam nessa situação. “Ele nos deu uma expectativa muito favorável”, afirmou Aécio. “Pelo menos uma parte da dívida com o setor privado pode ser convertida em produto”.
O grupo também pediu o lançamento de leilões de contrato de opção pública para 3,5 milhões de sacas de café ao preço de R$ 320. Para isso, seriam necessários outros R$ 1 bilhão de orçamento específico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Com isso, o governo garante um estoque regulador e impacta no mercado, puxando o preço para cima”, disse Aécio.