ACRE – Embrapa e Governo do Estado capacitam produtores para cultivo do café Conilon no Acre

 
Diva Gonçalves, Assessoria Embrapa 


   
10-Dez-2009 
Nesta quinta, os participantes visitam áreas de produção para aula prática


Incorporar novas técnicas de cultivo e manejo do café conilon para desenvolver a cultura e garantir produtividade, qualidade e mercado para o produto.  Com esta finalidade, a Embrapa Acre e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, capacitam produtores familiares e extensionistas dos municípios de Rio Branco e Acrelândia.


O curso acontece no Ramal Granada, localizado no Projeto de Assentamento Pedro Peixoto, no quilômetro 90 da BR-364, com aulas práticas em área de produção. Entre outros aspectos da cultura, o curso aborda técnicas de manejo, tratos culturais, condições de clima e solo para cultivo, seleção de cultivares, produção de mudas, colheita, secagem e beneficiamento. Nesta quinta-feira, os participantes visitam áreas de produção para aula prática, a partir das 9h.


A atividade financiada com recursos do Programa Mais Alimentos, iniciativa do governo federal, conta com a parceria do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e extensão Rural (Incaper), instituição, sediada em Vitória (ES), referência no desenvolvimento de tecnologias para o aumento da produtividade do café conilon e melhoria da qualidade do produto final (bebida). São mais de 40 projetos de pesquisa nas áreas de melhoramento genético e controle fitossanitário.


A cafeicultura é uma importante atividade agrícola para o Brasil e está entre as commodities mais negociadas do mercado, apesar da constante oscilação nos preços. Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná são os maiores produtores de café no ranking nacional. O Espírito Santo é o maior produtor de café conillon, e Minas Gerais, de café arábica. Na região Norte, Rondônia se destaca com aproximadamente 200 mil hectares plantados, ocupando o a posição de quinto maior produtor nacional de café. No Acre a cultura, desenvolvida principalmente por agricultores de base familiar, ocupa cerca de 1.500 hectares, concentrando a produção no município de Acrelândia.


Além de incipiente, em virtude da reduzida área plantada, a produção de café no Estado se caracteriza pela ausência de tecnologias. Os plantios ainda são conduzidos de forma rudimentar, sem a adoção de práticas adequadas de manejo como adubação e desbrota, essenciais para assegurar boa produtividade na cultura. Por demandar muita mão-de-obra, a cafeicultura representa uma alternativa para gerar renda e ajudar a fixar as famílias no campo.


No Ramal Granada, o café conilon representa a principal fonte de renda para 300 famílias. Apesar do importante papel social e econômico deste produto, problemas como incidência de pragas e doenças, empobrecimento dos solos e limitação de conhecimentos relacionados às boas práticas na colheita, pós-colheita e beneficiamento limitam a produção.


Variedade tolerante


Segundo o engenheiro agrônomo José Francisco Filho, gerente da Seaprof, houve os plantios de café no Acre sofreram uma redução drástica, em virtude de práticas inadequadas de manejo. Em 2004 existiam mais de 2 milhões de pés de café plantados. Hoje os plantios somam metade deste número. “A capacitação é parte das ações governamentais para resgatar a cultura no estado. O objetivo é proporcionar o conhecimento técnico necessário para ampliar as lavouras e garantir o desenvolvimento da cultura”, explica.


Atualmente o café produzido no Ramal Granada é vendido a empresas de torrefação de Rio Branco, ao preço médio de 185 reais a saca de 60 quilos. De acordo com a Associação de Produtores Novo Ideal, responsável pela comercialização da produção, em 2008 foram vendidas 18 toneladas do produto. 


Para o pesquisador José Antonio Lani, pesquisador do Incaper, o Acre tem potencial para a produção de café. Existem condições favoráveis ao desenvolvimento da cultura e um diferencial importante, em relação aos outros estados, que é a abundância de terras, mas é preciso investir em pesquisas que comprovem a viabilidade da cafeicultura no Estado. “A parceria com instituições de pesquisa como Embrapa e Incaper prometem mudar a realidade da cultura no estado, a partir de pesquisas que resultem na geração de índices técnicos para subsidiar uma futura política de crédito para o produtor”, diz. 


“O primeiro passo para garantir esta mudança é realizar o zoneamento climático das áreas de produção, para identificar aquelas com maior potencial para cultivo”, orienta Paulo Sérgio Volpi, também pesquisador do Incaper e instrutor da capacitação. 


Segundo Lani, o zoneamento da cultura, aliado ao manejo adequado dos plantios e utilização de cultivares adaptadas às condições de clima e solo da região, pode ajudar a minimizar a incidência de doenças como a ferrugem, principal problema fitossanitário da cafeicultura. Por ser tolerante à ferrugem, a variedade conilon reduz riscos na cultura.  

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