Estudo mostra que políticas de proteção adotadas pelo país evitaram a derrubada de 3.300km² de floresta em 2008. Redução foi maior nos 36 municípios que mais desmatam
Uma área de 3.300km² de floresta deixou de ser derrubada no ano passado graças às políticas de combate ao desmatamento, revela uma pesquisa feita pela organização não-governamental (ONG) Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A extensão é quatro vezes maior do que a última taxa de devastação divulgada pelo governo, referente ao período entre novembro de 2008 e janeiro de 2009. “Já esperávamos números como esses”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que há pouco tempo recebeu uma cópia do estudo.
Coordenado pelo pesquisador Paulo Barreto, o trabalho analisou dados captados pelo sistema Prodes, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do próprio Imazon. “Os dois indicadores deixam claro que a política adotada a partir de 2008 exerceu um papel protetor significativo”, afirmou Barreto.
A redução mais expressiva ocorreu justamente nos 36 municípios com maiores índices de desmatamento. Pelos dados coletados a partir do SAD, em 2008, deixaram de ser derrubados 1.500km² de floresta nessa área – o equivalente a 42km² por município. Em todo o bioma, foram poupados 3.300km².
Análise
Como os dados do Inpe são referentes ao período entre agosto de 2007 e julho de 2008, Barreto fez uma análise paralela. Nela, ele incluiu uma projeção de quais seriam as taxas de devastação ocorrida no período, levando-se em conta o comportamento de anos anteriores, e as comparou com os números captados pelo sistema.
Para fazer a projeção, ele levou em conta o aumento do preço de duas mercadorias agrícolas que exercem influência nas taxas de desmatamento: boi gordo e soja. “Entre 1995 e 2007, notamos que, quando o preço dos produtos aumenta, o mesmo ocorre com o desmatamento”, conta. Nessa avaliação, a taxa real foi 436km² menor do que a que havia sido projetada. Para Barreto, um indicador de que a política de combate já estava dando resultados. A tendência da redução do desmatamento começou a ser detectada em maio, dois meses depois do lançamento da Operação Arco de Fogo, desencadeada como reação à onda de crescimento de atividades ilegais.
A política adotada a partir de 2008 exerceu um papel protetor significativo
Paulo Barreto, pesquisador do Imazon