30/04/2015
SÃO PAULO – O diretor-executivo da Associaçao Brasileira da Industria de Café (Abic) Nathan Herszkowicz disse hoje que o abastecimento de café nesta safra deve ser “justo”. Durante entrega do prêmio do 11º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café, em São Paulo, ele disse que o “sentimento é de preocupação em relação ao abastecimento”, considerando as informações disponíveis no mercado.
Na avaliação de Herszkowicz, “é importante saber o tamanho dos estoques de café no país em 31 de março”, dado que a Conab ainda não divulgou. Considerando que as exportações de café devem mais uma vez ficar em 36 milhões de sacas ou pouco abaixo disso e que o consumo doméstico vai chegar a 21 milhoes de sacas, o “desaparecimento” será de cerca de 56 milhoes de sacas, nos cálculos da Abic. “Devemos usar toda a safra estimada em 46 milhões a 47 milhoes de sacas mais estoques remanescentes”, avalia o diretor-executivo, observando que o tamanho das reservas é ainda desconhecido. Para Nathan Herszkowicz , “essa conta não permite imaginar que abastecimento terá excedentes”.
Se esse cenário se confirmar, disse, os preços tenderão a ficar firmes no mercado até o fim da colheita, no segundo semestre. E volatilidade não está descartada. No evento, Herszkowicz disse ainda que o mercado de cápsulas de cafɠ “vai continuar a crescer de forma bastante expressiva” no país, mas que o produto “não vai ser a maior parte do mercado”.
Segundo ele, as cápsulas estão hoje em 2% dos lares brasileiros, mas o crescimento anual tem sido expressivo: de 40% a 50% em valor e volume. “É uma categoria nova, mas com potencial de crescimento fantástico. As cápsulas vieram para ficar”, afirmou. Ele observou que o consumo do produto vem ocorrendo na classe A e que outras classes, B, C e D, continuam comprando o café torrado e moído.
De acordo com Abic, as indústrias nacionais já estão se adaptando ao modelo e h` 60 delas produzindo as cápsulas de café, junto com grandes players. A Octavio Café é uma das que acabaram de entrar nesse segmento. Herszkowicz disse que em novembro de 2014 havia apenas sete a oito empresas produzindo cápsulas compatíveis com a máquina da Nespresso, da Nestlé.
Segundo ele, a maioria dessas companhias vem recorrendo a empresas terceirizadas, especializadas no encapsulamento. Para a Abic, as pequenas empresas que entraram nesse segmento “vão participar das bordas do mercado (…) Algumas empresas vão dar certo. Outras, talvez não”. Ele acrescentou que esse mercado “deve ser disputado por grandes empresas que já estão [no negócio] ou que anunciaram que entrarão”.
No evento hoje, em São Paulo, a Abic divulgou que o produtor Antônio Rigno de Oliveira, de Piatã, na Bahia, foi o vencedor do 11º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café. O lote de seis sacas de café arábica do produtor foi totalmente arrematado em leilão, sendo que duas delas foram vendidas por R$ 5 mil cada, ou seja cerca de 10 vezes o valor da cotação do mercado na época da venda.
Essas duas sacas foram arrematadas pelo Grupo 2 Irmaos (Café Ghini) e Café Sobesa, que formam o Consórcio Qualidade Brasil. As outras sacas do lote do produtor Antônio Rigno foram compradas pela cafeteria Santo Grão, por R$ 3.980 cada. N
a categoria microlote, de apenas duas sacas, para produtores com área de até 15 hectares, o vencedor foi Eufrásio Souza Lima de Barra do Choça, também na Bahia. O produto foi arrematado pela cafeteria Armazém do Café, do Rio, que pagou R$ 2.500 pela saca.