13/03/2009 – Devemos trilhar nossas ações sob o pragmático compromisso tanto com a preservação ambiental quanto com o fundamental e permanente combate à fome mundial
Quando abrimos os portões da Sociedade Rural do Paraná à WWF Alemanha para que seu presidente, Detlev Drenkhahn proferisse palestra, tínhamos a única intenção de conhecermos um pouco as principais preocupações do setor ambientalista para enriquecermos nossos conhecimentos a respeito da matéria. Já há algum tempo estamos trabalhando no sentido de construirmos propostas consistentes a serem apresentadas às autoridades federais com o objetivo de aprimorarmos ou aperfeiçoarmos a legislação ambiental brasileira. Foi por isso que recebemos o deputado federal Moacir Micheletto, relator do projeto de lei do futuro código ambiental brasileiro. Na mesma esteira, recebemos o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, palestrando sobre o impacto na agricultura brasileira caso toda a legislação ambiental atual fosse imediatamente aplicada.
Entretanto, após o encerramento da palestra da última segunda-feira, ficou evidente que o encontro com a WWF superou em muito as nossas melhores expectativas. Esta constatação não se deu somente porque o sr. Detlev Drenkhahn defendeu o etanol brasileiro como uma fonte de energia renovável. Tampouco porque defendeu a remuneração pela prestação de serviços de preservação ambiental ou pelo fato de entender que áreas vocacionadas à produção de alimentos devessem ser destinadas a essa função, reservando-se áreas com baixa vocação produtiva à preservação ambiental. Isto tudo, é claro, vai de encontro ao posicionamento da Sociedade Rural do Paraná. A grande conquista, certamente, foi a desconstrução de preconceitos de ambientalistas e produtores.
O que ficou claro em nosso encontro é que muitos entendimentos preconcebidos a respeito dos posicionamentos de cada um dos envolvidos no debate ambiental, muito mais do que reforçar posições, estimulam um desentendimento absolutamente inconveniente tanto para fins da produção de alimentos, quanto para fins de preservação ambiental e para o próprio desenvolvimento do Estado brasileiro.
Não podemos também deixar de registrar as importantíssimas considerações feitas a respeito das condições climáticas e econômicas a que o planeta está sujeito, o que, evidentemente, compromete o setor produtivo na busca de soluções para enfrentar estas questões.
Certamente já havia passado da hora de discutirmos estas questões lado a lado, especialmente porque tanto a prática da produção de alimentos quanto grande parte das ações relacionadas à preservação ambiental são exercidas no mesmo espaço físico, o que transforma em obrigação, e não em mera liberalidade, a colaboração dos produtores agropecuários nesta discussão.
São questões tão importantes que não podemos nos dar ao luxo, inclusive, de nos sujeitarmos às indevidas utilizações eleitorais e ideológicas ou a patrulhamentos de qualquer natureza, sempre presentes quando abordamos estes temas. Tais interferências são absolutamente irrelevantes, pois o ambiente global e a perspectiva de desabastecimento mundial de alimentos abrangem a todos nós, independentemente de raça, credo, orgulho nacional ou convicção política. Pelo contrário, determinados, devemos trilhar nossas ações sob o pragmático compromisso tanto com a preservação ambiental quanto com o fundamental e permanente combate à fome mundial.