É hora do resgate da confiança no agronegócio para as próprias organizações da sociedade civil que devem ser estruturadas.
As lideranças lúcidas e avançadas do agronegócio que se preparem e se organizem em uma só voz com os temas sagrados para o agro brasileiro, com vistas aos próximos cinco anos, ou então iremos pagar uma dolorosa conta pela desunião e pela não capacidade de comunicação.
O pós-governo Temer será gigantescamente temerário, pois a conta vai chegar. Todos os favores concedidos agora, independentemente de serem corretos ou não, mas somando mais de 32 bilhões de reais de concessões, perdões de impostos, dívidas (justas ou injustas) como Funrural, Ibama, Refiz, etc., essas contas serão veementemente cobradas nas safras 2018/2019.
Será plantada a próxima safra 2018 antes e durante as eleições, segundo que a segunda safra será logo na posse do novo governo, então, iremos colher essa safra já sob uma nova direção.
Mas, nada de sonhos de noites de verão, pois haverá muito atrito entre os três poderes com momentos de revanches e luta por autoafirmação de cada poder.
Dessa forma, é preciso de uma sociedade civil estruturada – e prefiro usar a palavra estruturada a organizada – pois quero me referir ao quarto poder. As representações formais, legais, autorizadas, com verbas e recursos humanos, serão de uma sociedade civil estruturada.
Ou as organizações formam um plano de governo e um diálogo com a sociedade (com comunicação e união com uma só voz para se apresentar para a nação), ou a conta virá de maneira mais injusta e desigual.
Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República, já afirmou considerar inconstitucional conceder isenção fiscal para as indústrias de agrotóxicos, e se manifestou acrescentando que esse favorecimento descumpre o dever constitucional de preservar a saúde e o meio ambiente.
Isso representa apenas um simples exemplo da luta pelas percepções do povo que pode ser legitimamente alvo para um bom e longo debate. No ano do novo governo, em 2019, haverá conflito de todas as ordens para todos os lados, por isso, é preciso do quarto poder.
As dez Confederações Empresariais Nacionais sob uma liderança patriótica significam toda a economia do Brasil. A representações de trabalhadores não dominadas por partidos políticos, a educação, os educadores, os cientistas, os pesquisadores e a mídia.
Se o Brasil não entrar em 2019 com a sociedade civil estruturada formatando um quarto poder (com planos, prioridades e educação comunicados com a mídia), os outros três poderes (judiciário, legislativo e executivo) ficarão como o balão mágico: suspensos pela constituição.
Toda obra tem a missão de eterna ser, e permite interpretações. Quem lê uma palavra pode interpretá-la, porque o subtexto de qualquer obra secular sempre foi maior do que as poucas linhas que ali permanecem visíveis.
O grande poder invisível das entrelinhas.
José Tejon é Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.