fonte: Cepea

A pequena Milan tenta competir com empilhadeiras importadas

Publicação: 05/04/07

5 de abril de 2007 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: VALOR ECONÔMICO

Às vésperas do fim do Reporto – programa de isenção fiscal para modernização dos portos – os terminais portuários correm para poder importar, sem impostos, empilhadeiras do tipo “reachstackers”, que movimentam contêineres de até 45 toneladas. Porém, encontram resistência da Milan, de Guarulhos (SP), que alega que seu produto é similar às empilhadeiras fabricadas na Europa.


O equipamento custa cerca de 350 mil euros. A intenção dos terminais é concluir, até o fim do ano, a compra de 130 unidades. Por conta de uma “janela” concedida pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex), do Ministério de Indústria e Comércio, cerca de 70 unidades foram importadas entre janeiro e março. Os terminais têm intenção de comprar mais 40 empilhadeiras. A Milan tenta garantir o fornecimento de pelo menos 30 peças.


A isenção fiscal de taxas federais do Reporto vale para equipamentos que não são produzidos no Brasil. Os impostos encarecem o produto importado em 40%. Ao defender no Decex a similaridade entre seus equipamentos e os importados – principalmente as européias Ferrari, Linde, Terex e Kalmar – a Milan provocou a interrupção das compras externas.


“Queremos competir nas mesmas condições com os importados. Os terminais podem comprar lá fora, mas que paguem os impostos”, afirmou Antônio Melício, gerente administrativo da Milan. Sem novas encomendas, Melício teme que a empresa feche as portas. No ano passado, a fabricante teve receita de R$ 14 milhões com produção de empilhadeiras de pequeno porte. Dez anos atrás, faturava R$ 50 milhões. “Achávamos que o Reporto seria nossa salvação”, disse. A Milan emprega 116 funcionários.


A briga entre a Milan e os importados começou em 2005, logo após o início da vigência do Reporto. A fabricante brasileira havia obtido em 2005 dois laudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) atestando a similaridade com os importados, mas os terminais ainda se recusavam a comprar os equipamentos da Milan. “O equipamento nacional não atende às exigências dos portos com segurança”, contestou Sérgio Salomão, presidente da Associação Brasileira de Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), entidade cujos associados movimentam 95% dos contêineres do país.


Um teste comparativo entre uma empilhadeira da Milan e outra importada, da Linde, foi realizado em novembro do ano passado pelo IPT no pátio da empresa de logística Deicmar, em Santos (SP). O Valor teve acesso à parte dos parecer técnico, que relatou que em um dos testes de movimentação, o equipamento nacional apresentou vazamento de óleo em uma das mangueiras, provocando a queda de um contêiner que estava a quatro metros de altura. Segundo Melício, da Milan, o fornecedor da mangueira reconheceu a falha de seu produto. A empresa quer contestar o laudo.


O Decex autorizou, em caráter excepcional, a licença de importação entre janeiro e março deste ano. A Milan afirma que esta ” janela” é inconstitucional. Procurado, Artur Pimentel, presidente da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) não respondeu, com alegação de que estava viajando.


O presidente da Abratec ainda informou que a Milan pede adiantamento de 90% do valor do equipamento para fabricá-lo. Na Europa, esse percentual cai para 10%. A associação – que reúne pesos-pesados como Libra, Tecon Suape, Tecon Sepetiba, Santos Brasil, entre outros – deve fazer nova pressão no Decex para que nova “janela” seja aberta para concluir as importações dos outros 40 reachstackers. A associação vai pedir também a prorrogação por mais três anos do Reporto. Entre meados de 2004 e janeiro de 2007, os investimentos feitos pelos terminais devem alcançar US$ 210 milhões. 

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