A inteligência coletiva, a seca, o calor e a cafeicultura – Por Sérgio Parreiras Pereira*

17 de fevereiro de 2014 | Sem comentários Especiais Mais Café

Quem vive o agronegócio café em qualquer dos elos da cadeia sabe que nos últimos 30 dias o grande destaque foi o calor excessivo e a falta de chuvas. Ninguém poderia prever o verão mais quente das últimas décadas e o baixíssimo nível de precipitações no período. O primeiro a anunciar o problema climático e seus possíveis desdobramentos foi o Sr. Arnaldo Reis Caldeira Junior, na Rede Social do Café ( www.redesocialdocafe.com.br ) no dia 15 de janeiro.

Em seu grito de alerta intitulado “Quebra de produção nas safras futuras de café”, Caldeira Junior apresentou sua apreensão: “….No cinturão cafeeiro do Sul de Minas…. não chove há pelo menos 20 dias….” (Clique AQUI). Na época, embora outros integrantes da Rede tivessem mencionado problemas similares em suas regiões, os demais (a imprensa e o mercado) não haviam dado a devida importância às preocupações apresentadas.

Duas semanas depois (29/01), em outra postagem, o tema voltou a ser destacado, desta vez, pelo Sr. Marco Antônio Jacob, na postagem “perda de 6 milhões de sacas de café devido a estiagem e calor” (Clique AQUI). Este debate tomou enormes proporções, apresentando o problema que vinha sendo vivenciado pelos cafeicultores e técnicos no campo. Foi aberto um portal para o debate e a postagem foi visitada mais de 16 mil vezes, com 64 participações de cafeicultores, pesquisadores, extensionistas, agrônomos, técnicos, professores universitários, traders, corretores e interessados em geral. Produtores de pequenas cidades conversando com renomados fisiologistas, extensionistas trocando informações e fotos com traders internacionais, pesquisadores se informando e debatendo com técnicos de diferentes regiões.

A tragédia climática estava instalada e a Rede Social do Café passou a ser a ferramenta de diálogo e troca de informações. Diariamente, a Rede é visitada por mais de 1,5 mil pessoas ligadas ao setor cafeeiro e o que começou com um grito de alerta de um cafeicultor, passou a ser o grande tema de debate e apreensão do setor cafeeiro. Daí para frente, a grande mídia tomou conhecimento do problema e passou a relatar em vídeos, entrevistas, fotos, matérias e artigos o que vinha acontecendo nas lavouras em tradicionais regiões produtoras.

O conteúdo gerado por diferentes meios de comunicação passou a ser reproduzido diariamente na Rede. As informações retroalimentavam a Rede. Esse foi apenas um exemplo dos debates e trocas de saberes que acontece na Rede semanalmente.

E a inteligência coletiva anunciada no titulo? O motivo deste pequeno texto. A inteligência coletiva é um conceito que descreve um tipo de inteligência compartilhada, que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades. Todo ser humano tem algum conhecimento e nenhuma pessoa tem todo conhecimento sobre tudo. E no setor cafeeiro isso vem sendo vivenciado desde a criação da Rede Social do Café. A Rede é o local onde muitos leem e poucos escrevem, mas não por impossibilidade, geralmente por que as pessoas tem medo da exposição. Vale lembrar que todo membro cadastrado pode abrir uma nova postagem ou comentar uma já existente.

As Redes Sociais são capazes de reduzir as barreiras à inovação.  A construção dos conteúdos que circulam e o novo conhecimento formado se dão de forma coletiva e participativa.  É um processo contínuo.  Os canais de comunicação são desobstruídos.  A Internet e as Redes possibilitam a quebra de barreiras, geográficas, temporais, financeiras e culturais. É a democratização da edição e da difusão do conhecimento.

A Rede Social do Café segue diariamente informando e possibilitando a troca de saberes… A Rede é decentralizada… Não tem dono… A Rede são fluxos de informação… A Rede é sua….é nossa….

Utilize-a sem moderação.

Saudações Cafeeiras….

 

Sérgio Parreiras Pereira é Eng. Agrônomo e Pesquisador Cientifico do Instituto Agronômico – IAC. Mediador da Rede Social do Café desde sua concepção em junho de 2006

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.