Após a sua independência política de Portugal, o Brasil continuava a exercer suas atividades econômicas nos moldes coloniais, onde o comércio, estava quase que todo voltado para o mercado escravo e a produção de açúcar. E foi graças a essa mania de monocultura que, partir de 1850, um produto que não tinha concorrência lá fora passou a ser a vedete do mercado brasileiro no exterior, com grande aceitação: era o café. Três províncias brasileiras tiveram destaque, a partir de então, quando a cafeicultura prosperou e fez desenvolver as localidades. Consumido regularmente pelos árabes, o café passou a ser conhecido no Ocidente a partir da segunda metade do século XVII. Chegou ao Brasil em 1827, trazido ao Brasil por um brasileiro nascido em Belém do Pará: Francisco Melo Palheta. Em São Paulo, o Vale do Paraíba foi o grande palco desse produto, fazendo surgir uma nobiliarquia cafeeira que incentivou e investiu no desenvolvimento das cidades com a beleza de seus casarões de arquitetura nos padrões europeus. A partir de 1840, com as boas condições de plantio no centro-sul, o produto se desenvolveu celeremente com grandes fazendas de plantio no Oeste Paulista, Alta Sorocabana, Alta Paulista, Paraná, Rio de Janeiro. Ao contrário da cultura da cana-de-açúcar, a cultura cafeeira não despendia um investimento muito pesado, A fidalguia do Vale Famílias abastadas foram surgindo e em torno dela, toda uma sociedade vivendo de acordo com a economia gerada pela produção cafeeira. Com esse novo aspecto econômico gerado, surgia o baronato, uma nobiliarquia gerada entre os grandes fazendeiros. A maioria desses nobres senhores recebeu seus títulos após 1808, quando da chegada da Família Imperial. Enquanto o Banco do Brasil vivia um estado de quase falência, foram esses ricos senhores que pagaram a coroa no século XVIII, e assim, ganhavam a notoriedade com o título, o que lhes garantia um grande poder político. No Vale do Paraíba Paulista e do Estado do Rio de Janeiro, essa nobiliarquia ficou mais evidente em municípios como Bananal, São José do Barreiro, Lorena, Guaratinguetá, Pindamonhangaba e Taubaté no Vale paulista e no lado fluminense, Resende, Valença, Vassouras, Barra Mansa, Barra do Piraí, foram as que mais se destacaram. Só em Valença, houve um período em que as lavouras de café se utilizavam de quase 30 mil escravos. Após 1830, o café começou a marcar sua presença na região valeparaibana. Na década de 1850, Taubaté passaria a figurar como o segundo maior centro produtor de café em todo o país. Lorena teve até um conde, o único do Vale do Paraíba: Joaquim José Moreira Lima, o Conde de Moreira Lima. Duas décadas depois, seria Pindamonhangaba que entrava no rol das cidades imperiais, com o desenvolvimento de uma respeitável nobreza rural. De pobre e insalubre nas primeiras décadas do século XIX, passou a ser chamada “Terra dos barões”, devido ao grande número de titulados que residiam no local. Parte dessa riqueza ainda pode ser vislumbrada através de palacetes e igrejas na região central da cidade. Com a abolição da escravatura em 1888, veio a decadência desse fulgor, e dos velhos casarões, fazendas e palacetes onde brilhou a fidalguia valeparaibana com suas mulheres cuja classe e requinte fazia dos sarais de Pindamonhangaba um forte rival da corte no Rio de Janeiro. Desses tempos áureos do ciclo do café, ficaram apenas alguns velhos edifícios remanescentes e as histórias contadas de pai para filho.
A Indústria do Café e a formação da nobreza cafeeira
12/03/2009 – 17h19 (Ocimar Barbosa)