OPINIÃO
14/09/2010
Segmento cresce com novos incentivos e reformas
VILSON LUIZ DA SILVA
Presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg)
O Brasil sempre se destacou no cenário nacional pela sua grande capacidade como produtor de alimentos. O que boa parte da população desconhece é que essa produção está ancorada na agricultura familiar, que, apesar de ser um segmento antigo, até há pouco tempo, caminhou em passos tímidos. Nos dias atuais, com subsídios e incentivos do governo, o segmento está sendo reformulado e em franco crescimento. O que servia apenas para subsistência da família tornou-se uma opção de negócios, gerando renda, emprego e abrindo novos mercados para pequenos e médios agricultores.
O setor já é responsável por mais de 70% dos empregos gerados no campo, contribuindo para a diminuição do êxodo rural, o que permite que as famílias se fixem no campo com mais qualidade de vida. As práticas produtivas visam à preservação do meio ambiente, com diversificação de cultivos e processos mais artesanais, sem o uso de agrotóxicos ou conservantes. Isso faz com que os alimentos que chegam às nossas mesas tenham mais qualidade e sanidade. Alguns produtos, como mandioca, feijão e milho, por exemplo, já representam mais de 50% da produção advinda da agricultura familiar.
Minas Gerais tem um papel de grande destaque no cenário nacional. Ele representa o segundo Estado com maior concentração de estabelecimentos familiares produtivos, no total de 10%, perdendo apenas para Bahia (15%). Além disso, Minas conta com uma variedade de produtos como milho, doces, cachaças, leite e seus derivados, que já são tradicionais no mercado, e outros que já começam a ganhar representatividade como o arroz, café, mandioca e derivados.
Todo esse crescimento da agricultura familiar mineira e nacional se deve principalmente a projetos de incentivo do governo, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Essas ações auxiliam a ampliação do cultivo e a compra dos produtos de famílias agricultoras.
Temos que comemorar os incentivos que o setor vem recebendo, principalmente nesta safra de 2010/2011, em que registramos cerca de R$ 16 bilhões, vindos do Pronaf. No entanto, há muito ainda a ser feito. É preciso definir estratégias de desenvolvimento rural que priorizem o fortalecimento e a expansão das cadeias produtivas; criar sistemas de organização e armazenamento da produção, além de melhoria das estradas, que são as formas de escoamento da produção.