A seca em pleno período de chuvas já causou prejuízos no campo. A cultura mais castigada, entre os produtos exportados pelo país, foi o café, com perdas entre 15% e 20%. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço subiu 20% no atacado desde o início do ano. Nas plantações de cana-de-açúcar, estima-se uma queda de 10% na safra a ser colhida em meados de abril. No interior de São Paulo, a estiagem fez a produtividade cair, em algumas áreas, de 12 toneladas para apenas 3 toneladas por hectare. Os prejuízos poderão chegar às safras recordes de milho e soja. Se a seca perdurar, 4 milhões de toneladas de soja poderão ser perdidos, uma queda equivalente a 5% da produção total, principalmente no Paraná e em Goiás. A diminuição da oferta de soja e milho influencia o preço das rações de aves e suínos. Assim, além de deixar mais caros os alimentos in natura, como as hortaliças, a seca poderá elevar o preço do frango e da carne de porco. 0 valor da alface, no atacado, subiu mais de 300% em 2014, e o tomate aumentou 140%.
Segundo Ricardo de Camargo, professor do departamento de ciências atmosféricas da USR a frente fria que chegou ao Sudeste no fim da semana deve aliviar parcialmente a situação dos produtores, mas ainda é insuficiente para recuperar totalmente as plantações. “É preciso um volume maior de precipitações, para que a água se infiltre na terra e chegue às raízes”, explica Camargo. Flávio Combat, economista da corretora Concórdia, afirma que a seca vai chegar ao bolso do consumidor. “Haverá algum impacto na inflação, mas ainda não é possível mensurar a sua dimensão, justamente porque depende de quanto vai chover no próximo mês.”
Bianca Alvarenga