A agricultura que dá lucro

Por: Folha de Londrina

Cana-de-açúcar, café, fumo e laranja são apontados por especialistas como as culturas mais rentáveis atualmente


Os altos preços do álcool combustível e do açúcar no mercado internacional puxam o desempenho da cana-de-açúcar


A estiagem, a desvalorização cambial e os altos custos de produção estão fazendo com que os agricultores amarguem prejuízos sucessivos. No entanto, em meio a tantas intempéries algumas culturas estão conseguindo resistir e driblam a crise que toma conta do campo. No Paraná, pode-se dizer que quatro culturas estão trazendo boas notícias aos produtores rurais: cana-de-açúcar, café, fumo e laranja. Os lucros estão amparados, principalmente, na garantia de mercado.


Os altos preços do álcool combustível e do açúcar no mercado internacional puxaram o desempenho da cana-de-açúcar. Mesmo com o clima seco, que comprometeu o rendimento da cultura na safra anterior, dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), indicam que as exportações de açúcar cresceram 9,4%, comparando com 2004. Já o comércio exterior de álcool aumentou 31,8% em 2005. Em preços, o açúcar teve uma valorização de 26,7% e, o álcool, de 24%.


Essa alta de preços ocorreu porque a estiagem atingiu também países consumidores e produtores. ”O mercado externo acabou puxando os preços do mercado interno”, explica Disonei Zampieri, coordenador do Setor Sucroalcooleiro da Seab. E tanta boa notícia contribuiu para que a área plantada de cana tivesse um aumento de 4,8% nesta safra, atingindo 434 mil hectares. ”As áreas disponíveis de pastagem e parte da área ocupada pela soja estão sendo transferidas para o plantio de cana”, comenta.


A previsão inicial é que sejam ofertados entre 29,5 milhões e 30 milhões de toneladas do produto para moagem. No Paraná, mais de 30% da área plantada está concentrada na região de Umuarama (Noroeste), seguida por Maringá, Jacarezinho, Paranavaí e Londrina. A produção está dividida entre o açúcar (48,21%), álcool hidratado (35,32%) e álcool anidro (16,47%).


Alternativa – O agricultor Rogério Magno Baggio, de Paranavaí (Região Noroeste), dividiu sua área entre a cana-de-açúcar e a laranja. Produtor de cana há mais de 20 anos, a cultura está espalhada por 2,5 mil hectares; já a produção de laranja foi iniciada em 1990 e atinge 400 hectares. ”O mercado internacional do açúcar está em alta, assim como o mercado do álcool, que vem sendo usado como alternativa em outros países devido ao alto preço do petróleo”, observa. Segundo Baggio, o baixo custo de produção dos produtos brasileiros – comparados com os custos de outros países – é o principal responsável pela abertura do mercado externo.


”A cana é o alimento do mundo. Todos precisam do açúcar, que é uma fonte de energia. Já o nosso álcool é mais competitivo; os Estados Unidos, por exemplo, são os maiores produtores de álcool de milho, só que o custo é muito alto, custa três vezes mais que o álcool de cana”, comenta Baggio. No entanto, ele ressalva que o lucro depende, e muito, da produtividade que pode variar de 50 a 60 toneladas por hectare. O custo estimado está na casa dos R$ 2 mil por hectare porque a cultura requer muita mão-de-obra e, por isso, não é indicada para pequenas áreas.


Fernanda Mazzini
Reportagem Local

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