Brasil é exemplo para desenvolvimento de commodities, diz CFC

MÁRCIO RODRIGUES
da Folha Online


O Brasil é o maior exemplo no desenvolvimento sustentado de commodities agrícolas como café, soja, cana-de-açúcar, entre outras. Essa é a avaliação do CFC (Common Fund for Commodities), que financia projetos relacionados a esses produtos em países de todo o mundo.


Por conta disso, a entidade escolheu o país para ser sede do primeiro Global Initiative on Commodities (Iniciativas Globais para Commodities) que irá discutir o crescimento sustentado do mercado de commodities agrícolas. O Brasil irá receber representantes de mais de 100 países entre os dias 7 e 11 de maio, em Brasília.


De acordo com Ali Mchumo, embaixador e diretor geral do CFC, o intuito do encontro será construir um relatório que promova uma agenda de desenvolvimento em relação às commodities, contribuindo para a redução da pobreza.


“Queremos criar uma estratégia global para o desenvolvimento das commodities. Por isso, o Brasil foi escolhido para sediar o encontro, pois serve de inspiração sobre como desenvolver o mercado de commodities agrícolas”, disse Mchumo.


O diretor-geral do CFC acredita que esse é o momento ideal para realizar uma discussão desse tipo. “O preço das commodities passaram por uma valorização nos últimos anos, decorrente do aumento da demanda global por produtos. No entanto, temos que encontrar saídas para aumentar a produtividade e evitar incertezas sobre preços”, afirmou.


Mchumo lembrou que 86 dos 144 países em desenvolvimento dependem das commodities agrícolas, incluindo dois bilhões de pessoas. “Metade das receitas totais das exportações de 38 países é proveniente de um único produto, enquanto outros 48 países dependem de apenas dois.”


O representante do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Luca Monge-Roffarelo, disse que “o Brasil é um caso espetacular de um país que usa as commodities para o desenvolvimento.” Além da Pnud, a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) também apoiam a iniciativa.


Monge-Roffarelo disse que é importante que se discuta a remuneração dos produtores. “Apesar da demanda maior por commodities, o produtor recebe cada vez menos. Cerca de 90% do preço do café, por exemplo, não pára no bolso do produtor.”


Financiamento


O CFC teve US$ 120 milhões em seu plano quinquenal (2003/2007) para financiar projetos. O dinheiro, de acordo com Mchumo, vem da contribuição de capital, que é feita quando os países aderem ao fundo e também por contribuições voluntárias.


“A idéia é financiar projetos pilotos que podem se espalhar para outros países do mundo”, explicou o diretor-geral do CFC.


Álcool


O secretário de relações internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, Célio Porto, disse que dois temas têm despertado interesse de outros países no Brasil: as tecnologias da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o álcool. Tanto que visitas à Embrapa e a uma usina de álcool estão na programação do encontro promovido pelo CFC.


“O petróleo é finito e produzido por poucos países em região de conflito. Por isso, queremos repassar nossa experiência para que o álcool seja produzido por muitos países. Assim, o consumidor não migrará para um combustível concentrado em poucos países e não terá insegurança na oferta”, disse Porto.


Mchumo disse que do ponto de vista teórico, o álcool pode eferecer novas oportunidades de negócios para o desenvolvimento de outros países. No entanto, ele afirmou que uma comissão do CFC na Malásia estuda os aspectos positivos e negativos do combustível para que a entidade tome partido definitivo sobre o assunto.


Porto listou exemplos de sucesso do Brasil na área de commodities, reforçando o aumento de produtividade conseguido pelo Brasil e a experiência com o álcool. “Queremos compartilhar a experiência da agricultura tropical com outros países.”


Questionado sobre as manifestações contrárias de Venezuela e Bolívia sobre a produção de biocombustível, sob a alegação de que isso ocupa áreas para plantação de alimentos, Porto disse que na visão brasileira o problema não é a falta de alimentos, mas sim a falta de renda da população para comprar alimentos.


“A produção de álcool pode ser uma oportunidade de renda para a população mais pobre, que é, na maioria dos casos, a que vive no campo.”

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