Publicação: 04/05/07
Lavouras antes exploradas pelos barões do café, hoje estão nas mãos das empresas. A cafeicultura de São Paulo que no passado era dominada pelos “barões do café”, está passando a ser dominada por grandes empresas. Os negócios conduzidos por grupos empresariais correspondem a 60% da produção paulista de café, que oscila entre 3,5 a 5 milhões de sacas de 60 quilos, dependendo do efeito da bianualidade dos cafezais. A estimativa é do pesquisador do agronegócio café do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, Celso Luis Rodrigues Vegro.
O café como negócio também começa a despertar interesse das empresas em outras regiões produtoras, como o Espírito Santo, tradicional produtor de café robusta, informa Evair Vieira de Melo, secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município capixaba de Venda Nova do Imigrante.
Naquele Estado, diz Melo, os negócios empresariais no cultivo de café ainda são incipientes, correspondendo a 10% do total produzido, de 8,5 milhões de sacas na atual safra, dos quais 7,5 milhões do tipo robusta e 1,5 milhão de arábica. “Trata-se ainda de um movimento novo, mas a curva é de crescimento”, afirma o secretário. Para ele, nos próximos anos a safra de café do estado capixaba deve chegar a 10 milhões de sacas com investimentos externos de grupos econômicos estrangeiros. Embora em São Paulo os negócios empresariais respondam por 60% do volume anual de café produzido, a agricultura explorada por pessoas físicas ainda é responsável pelo maior número de propriedades, com cerca de 85% do total, estima o pesquisador do IEA. A área plantada de café no Estado é de 220 mil hectares. Segundo Vegro, o setor empresarial é responsável por mais de 50% da safra de café paulista por conta do maior uso da tecnologia.
Para Vegro, os negócios na cafeicultura paulista são estimulados pelo interesse dos investidores em financiar projetos produtivos do agronegócio brasileiro, além da boa oferta de capital pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), disponível para investimentos produtivos de longo prazo. Para Melo, os empresários são atraídos pela rentabilidade proporcionada pelo o aumento da produtividade, principalmente do café robusta que chega a ser de 100 sacas por hectare. Para o pesquisador do IEA, uma cultura se torna rentável se oferecer retorno anual mínimo de 12%.
Levando-se em conta a produção nacional, o secretário-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, diz que a pessoa física domina o plantio no Brasil, com 70%. O avanço da participação empresarial no cultivo de café não prejudica o pequeno agricultor que pode contar com a própria mão-de-obra e fontes oficiais de financiamentos, diz.
Para o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach, essa mudança ocorre em toda a agricultura. “As empresas agrícolas têm visão de mercado e fica de olho na redução de custos”.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 7)(Viviane Monteiro)