Sob o comando da GPS, empresas conseguem uma economia anual de R$ 3,5 milhões. O empresário Guido Bretzke, filho dos fundadores da Bretzke Alimentos, de Jaraguá do Sul (SC), fabricante do achocolatado Muky, assumiu o controle dos negócios da família no seu momento mais crítico, logo depois que a empresa entrou em concordata, em 2001. Ele restaurou a saúde financeira da Bretzke, mesmo depois de receber um laudo feito por uma empresa de consultoria dizendo que era inviável a sua recuperação.
Em 2005 criou a GPS, empresa de prestação de serviços, para administrar a marca Bretzke, que produz também sobremesas, pós para bolos, milk-shakes e temperos, entre outros produtos. Atualmente, a GPS administra outra concordatária, a Sasse Alimentos, e está apta para gerir outras companhias.
Através da GPS, as duas organizações uniram suas áreas administrativas numa nova sede, fora das respectivas fábricas. As empresas são do mesmo ramo e possuem gestão integrada de marketing, suprimentos e vendas. A Bretzke está há mais de 40 anos no mercado. A Sasse dedica-se desde 1953 à fabricação de café e diversos tipos de balas, chicletes e pirulitos. Possui presença forte no mercado regional e nas exportações.
Sob o comando da GPS, as duas organizações, que têm vários fornecedores e serviços em comum, pretendem promover uma racionalização dos serviços, reduzindo custos em áreas como as de compras, vendas, marketing, crédito e cobrança, numa economia anual de R$ 3,5 milhões.
“Devemos buscar a eficiência, evitando fazer trabalho dobrado e conquistando maior poder de barganha junto a clientes e fornecedores”, afirma Guido Bretzke, que leva para a GPS a experiência da Bretzke e a intenção de fazer o mesmo com a Sasse.
Segundo o empresário, a Sasse é uma entidade jurídica diferente da Bretzke. Guido Bretzke é filho de Eriberto Bretzke, fundador e proprietário da empresa. A Sasse pertence a Hilda Sasse e filhos. Ambas são tradicionais famílias de Jaraguá do Sul.
“A função da GPS é ser o cérebro das empresas”, diz. “Administramos ambas, com sinergia. A equipe de vendas é a mesma, falamos com os mesmos fornecedores, temos a mesma logística e atendemos os mesmos clientes”.
Guido esclarece que a GPS não comprou a Sasse, mas possui um contrato de gestão com opção de compra até o ano de 2010. “A nossa intenção é de compra, mas a decisão vai depender do andamento do negócio. Estamos recuperando a Sasse”, afirma.
Para a Sasse Alimentos, também de Jaraguá do Sul (SC), a estratégia da GPS foi de relançar os cafés, que já lideraram vendas em Santa Catarina, e colocar no mercado uma nova bebida, o café Supremo. Com os problemas financeiros que levaram a Sasse à concordata, a bebida perdeu posição e hoje é a terceira mais consumida no estado.
“Neste ano, a expectativa é reposicionar a marca Sasse com o café Supremo, uma bebida agradável, especial e com melhor qualidade. Vamos investir neste produto para transformar a Sasse numa marca desejada”, afirma Guido Bretzke.
A Sasse exporta 20% da produção dos cafés e balas. Os cafés vão para o Oriente Médio, para alguns países da América Latina e para Cingapura, na Ásia. As balas são comercializadas principalmente na África e na Europa.
“Vamos manter o mercado externo mesmo com o dólar baixo. Fizemos adequação de custos e alguns reajustes de preços que nos permitiram manter as vendas”, afirma o empresário.
No Brasil, a Sasse vende balas e pirulitos em todos os estados, com as marcas Energetic (amendoim), Gelex (bala gelada), Zoo Fruit e Sassemix.
O café, que já foi a maior fonte de receita da Sasse, perdeu espaço para as balas. Neste ano, a expectativa é de que o faturamento, que foi de R$ 27 milhões em 2006, cresça 31% com a recuperação de vendas de balas e do reposicionamento de marca do café. Para a Bretzke a previsão é de crescimento de R$ 55 milhões em 2006 para R$ 75 milhões este ano, basicamente em função do aumento da distribuição e investimentos em marcas.
Recursos próprios devem garantir investimentos de R$ 1 milhão na Sasse e de R$ 5 milhões na Bretzke, incluindo marketing, pesquisa e desenvolvimento, equipamentos e atualização tecnológica. “A Sasse está saindo da concordata. Já chegou no ponto de equilíbrio e deverá fechar este ano com rentabilidade positiva”, diz Guido Bretzke. O endividamento não representa mais um problema diante da evolução dos negócios.
A Bretzke apresentou rentabilidade nos últimos anos, alcançando resultados expressivos no segmento de achocolatados, com a expansão gradativa da marca Muky – carro-chefe da empresa e terceiro mais vendido do Brasil. Enquanto o mercado nacional de achocolatados manteve-se estagnado no último ano, a produção do Muky atingiu 900 toneladas/mês e para este ano a expectativa é de crescimento da ordem de 20%.
Um desempenho que garantiu à marca um salto de 3,1% de fatia de mercado em janeiro de 2006 para 4,3% em janeiro de 2007, e a consolidação do Muky como o terceiro achocolatado mais vendido no Brasil, atrás apenas do Nescau e do Toddy, que há anos dominam este setor.
Segundo Bretzke, superar as barreiras de distribuição e logística em um país com a dimensão geográfica do Brasil é uma meta a ser levada adiante de forma cautelosa por uma empresa que tem aspirações nacionais para suas marcas, sob pena de comprometer o próprio sucesso regional de seus produtos. “O processo de nacionalização de uma marca regional é um desafio para qualquer indústria que atue num mercado como o de alimentos, dominado por grandes multinacionais”, diz Guido Bretzke.
Entre as estratégias adotadas para o Muky, destacam-se a criação de uma nova fórmula (com mais chocolate que os concorrentes), mudança na identidade visual, inserções na TV a cabo, degustações nas grandes redes de supermercados e lançamento de um website voltado para as crianças, principal público do produto, que já recebeu mais de 1,5 milhão de acessos.
Lançado em 1983, o achocolatado conquistou um público fiel e nunca deixou de ser produzido, apesar da crise financeira que levou ao pedido de concordata da Bretzke e a um vigoroso processo de reestruturação, em seguida.
Em 2006, gerida pela GPS, a Breztke recuperou o seu espaço no mercado e aprimorou a força de vendas. Investiu na conquista gradual de mercados estratégicos, alcançando resultados comerciais significativos no interior paulista, além de um incremento de 2,3% nas vendas para a região Sul, onde a marca sempre teve reconhecimento.
(Gazeta Mercantil/Gazeta do Brasil – Pág. 18)(Juliana Wilke)