Por Janete Lima, de Brasília/DF
SAFRAS (24) – O Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) teve hoje uma de suas reuniões mais tensas desde a criação do colegiado, em 1996. O ministro da Agricultura e Pecuária, Reinhold Stephanes, participou durante algum tempo da reunião, mas saiu por volta das 16h, para reunir-se com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, com quem foi tratar dos problemas do agronegócio.
Depois da saída do ministro para o Palácio do Planalto, quando a Conab apresentava o mapeamento das áreas de café de Minas Gerais – que apontou uma área de 930 mil hectares cultivados enquanto o IBGE indicou 970 mil a 1 milhão de hactares, o deputado Carlos Melles (DEM-MG), fez intervenção criticando a saída de Vilmondes Olegário da Silva, do Departamento do Café (Decaf), fazendo também duras críticas ao silêncio dos produtores, em relação a política do governo que segundo ele “está acabando com a cafeicultura, por não garantir renda ao setor”.
Melles qualificou o programa de opções públicas como uma boa solução mas bateu forte na divergência da produção existente entre a Conab e o IBGE. O secretário da Produção e Agroenergia, Linneu Lima, bateu de frente com Melles, dizendo que o parlamentar foi o primeiro a criticar as opções dizendo que elas seriam “um tiro no pé”. Linneu desabafou admitindo que mesmmo não tendo chegado ao resultado pretendido com política feita para a cafeicultura, disse que os resultados não foram mais amplos, devido a macroeconomia. “Dentro do âmbito do Mapa foi feito quase tudo”, disse o secretário. “Eu queria o café hoje a R$ 350,00 a saca, mas não tivemos meios para conseguir isso, completou”.
O secretário-executivo do Mapa, Silas Brasileiro, também apontou a necessidade do governo ter números confiáveis em relação a produção. Lembrou também que deveria ser criada uma legislação determinando a obrigatoriedade de serem informados os estoques privados do café. O ex-chefe do Decaf, Vilmondes da Silva, se disse abismado com as afirmações de Melles e lembrou que toda a política feita para a cafeicultura teve a participação da produção, que se não se manifestou contrária foi por omissão.