CNC rebate previsão da Safra do IBGE

 


Ofício CNC n.º 226/04/2007.


 


Brasília, 13 de abril de 2007.


 


 


 


 


                   Senhora Presidente,


 


 


                   O Conselho Nacional do Café, entidade que representa os produtores de café do Brasil, reconhecida pelo Governo, e que é membro do Conselho Deliberativo de Política do Café, cujo presidente é o Excelentíssimo Senhor Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Deputado Reinhold Stephanes, vem manifestar a Vossa Senhoria a surpresa e insatisfação em relação à divulgação da estatística da produção de café, pelo IBGE, ocorrida no mês de março.


 


                   O motivo pelo qual estamos fazendo esta explanação deve-se ao fato de que o café é uma cultura que emprega um enorme contingente de mão-de-obra no País, 8.4 milhões de postos de trabalho, existem hoje cerca de 390.000 propriedades de café, cuja atividade está presente em mais de 1.900 municípios brasileiros. O setor vem passando, nos últimos anos, por sucessivas crises em sua economia, causada por preços na comercialização abaixo dos custos de produção. Na formação dos preços do produto, elencamos quatro fatores primordiais: a relação oferta-procura; as previsões climáticas e possíveis efeitos em relação às safras futuras; os estoques disponíveis do produto e a posição de Fundos de Investimento nas Bolsas de Mercadorias internacionais.


 


 


 


 


A Sua Senhoria, a Senhora,


WASMÁLIA SOCORRO BARATA BIVAR


Presidente da Comissão Especial de Planejamento, Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias – CEPAGRO/IBGE


Brasília – DF


 


 


         Neste contexto, fica evidente a importância de estatísticas confiáveis e os impactos destes números no mercado. O setor de produção do Brasil amargou pesados prejuízos no passado recente devido à informações tendenciosas de diversos agentes que divulgaram números de produção de café futura, sem um mínimo de embasamento técnico-científico. Por esta razão, o Conselho Deliberativo do Café, decidiu apoiar e alocar recursos do Fundo de Economia da Defesa do Café – FUNCAFÉ para a CONAB, para que ela pudesse aprimorar sua tecnologia e assim aumentar a credibilidade de suas previsões, diminuindo as especulações e os prejuízos dos produtores. Com efeito, as previsões feitas atualmente pela CONAB são realizadas com tecnologia de ponta, pelo processo de geo-referenciamento com utilização de fotos dinâmicas feitas por satélites, e ainda com a utilização de um contingente de aproximadamente 250 técnicos que visitam periodicamente inúmeras propriedades e as principais cooperativas de café em todos os estados produtores do Brasil.


 


                   A estimativa divulgada pelo IBGE em março, de 37,5 milhões de sacas para produção de café em 2007, apresentou um acréscimo de 18,3% em relação ao último levantamento efetuado pela CONAB em 15/12/2006, que estimou a produção de café para a próxima safra em 31,7 milhões de sacas.


 


                   Para se ter uma idéia do nefasto efeito destes números, o mercado experimentou uma queda de aproximadamente 4% após a divulgação, que pode ser traduzido em uma perda de mais de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais) no saldo da safra passada que ainda está por se comercializar. Não obstante, cria uma enorme confusão no mercado, pois não se sabe ao certo em que previsão acreditar, na do “Governo CONAB” ou na do “Governo IBGE”. Este questionamento também pode ser realizado pela Organização Internacional do Café que utiliza os dados estatísticos oficiais do Brasil para determinar a sua divulgação de previsão de safra mundial de café.


 


A diferença apresentada pelo IBGE em relação à CONAB de 5,8 milhões de sacas corresponde à produção de café do quarto maior produtor de café do mundo.


 


                   Isto posto, solicitamos uma audiência com Vossa Senhoria, para discutirmos este assunto. Não é nosso objetivo depreciar o trabalho de tão sério e importante instituto que é o IBGE, mas queremos que seja demonstrada a metodologia empregada e definida uma coordenação entre os trabalhos da CONAB e IBGE, para que pela sinergia de suas ações promovam um trabalho mais confiável, ao invés de se criar conflitos e prejuízos para os produtores.


 


                   Certos de vossa compreensão aguardamos uma breve resposta de Vossa Senhoria.


 


         Agradecendo desde já pela atenção dispensada, subscrevemo-nos.


 


Atenciosamente,


 


 


 


 



MAURÍCIO MIARELLI


Presidente


Conselho Nacional do Café


 


                                            


SILAS BRASILEIRO


Diretor Executivo


Conselho Nacional do Café


 


 


 


 

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