Publicação: 09/03/07
O Brasil dificilmente conseguirá atender à demanda de café, que deve chegar a 44,9 milhões de sacas em 2007. Mesmo contando com um estoque de 5 milhões de sacas da safra passada, com o consumo interno estimado em 17,4 milhões de sacas pela Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) e a manutenção das exportações, que no passado chegaram a 27,5 milhões de sacas, o déficit de produção deve ficar em torno de 3 milhões de sacas. “A disponibilidade de café verde parece que não será suficiente para a demanda conjunta da exportação e do mercado interno porque, além do déficit na próxima safra, os estoques físicos brasileiros estão em nível baixo e os estoques oficiais de cafés antigos serão inteiramente consumidos”, diz o presidente da Abic, Guivan Bueno .
A situação ainda poderá ser agravada se o preço do produto não reagir no mercado. O aumento dos preços em até 25% previsto pelo setor, devido à menor oferta do produto, não se confirmou e os cafeicultores poderão manter o produto estocado. “O produtor irá colocar o café à venda de acordo com os preços e estes não estão remunerando o cafeicultor no momento”, afirma o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli. “Esta perda de valor do produto está repercutindo muito fortemente no setor, que tem pequenas empresas em situação critica. A evolução dos preços prevista para 2007 pode representar a salvação delas”, diz Bueno. Além disso os estoques também estão diminuindo. No mês passado, o volume exportado pelo Brasil totalizou 2,1 milhões de sacas e no acumulado do primeiro bimestre deste ano, o volume de sacas exportadas chegou a 4,4 milhões.
Este ano deve ser liberado um orçamento de R$ 1,6 bilhão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a estocagem do produto.
“Esses recursos garantem que parte dos estoques será prorrogada até fevereiro de 2008”, revela Miarelli. Ainda assim o estoque de passagem deste ano deve ser limitado. O CNC prevê que ele não deve superar os 5 milhões de sacas. “Mesmo com o primeiro semestre favorecido pela boa safra de 2006, o volume disponível para o segundo semestre estará comprometido”, afirma Miarelli.