Setor recuperou perdas de 2005 por doenças animais e problemas climáticos, mas pecuaristas acham que reação mesmo virá neste ano
José Maria Tomazela
A agropecuária, com crescimento de 6% no quarto trimestre de 2006 em relação ao mesmo período do ano anterior, foi o setor com o melhor desempenho nessa comparação, segundo pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, agropecuária cresceu 3,2%, recuperando-se do desempenho baixo, de 0,8%, de 2005, quando houve problemas climáticos e de doenças animais.
O café, com crescimento de 21%, foi o destaque no setor de agricultura em 2006, de acordo com a pesquisa. Milho, feijão, mandioca e laranja também aparecem como destaques positivos no ano passado, informou a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Os destaques negativos foram as produções de trigo, algodão, arroz e tomate.
Para o pesquisador Geraldo SantAna de Camargo Barros, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo, o agronegócio continua salvando a lavoura da economia. A confirmação de um crescimento muito pequeno no PIB indica uma virada concreta do setor depois de um longo período no vermelho. Muito pequeno, mas que insinua uma recuperação que pode se estender para o ano de 2007.
O setor agrícola, segundo Barros, foi responsável pelo agronegócio ficar no azul, já que a pecuária continua em queda, embora um pouco menos acentuada.
O presidente da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, Luiz Lourenço, acredita que a contribuição do agronegócio para o PIB será mais significativa este ano. O ano passado, avalia, não teve nada de bom. A crise de 2005 persistiu e ainda persiste em algumas regiões. Mas, agora, com a safra de verão sem problemas e os preços em recuperação, estamos animados. Além disso, avalia, a demanda pelo biocombustível está criando uma estrutura nova no mercado e dá ao produtor a garantia de que haverá liquidez.
Já o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, contestou o crescimento de 3,2% no PIB da agropecuária apontado pelo IBGE. A agropecuária não cresceu, e sim perdeu 2% em 2006, disse. Segundo ele, os cálculos utilizados pelo IBGE não levaram em consideração os preços correntes pagos em 2006, mas os preços constantes do ano anterior.
Mas, para este ano, a expectativa é mais positiva. Cotta prevê um crescimento de 5% na produção de grãos e de 3% na de leite, carne e ovos. Vamos ter uma safra recorde e tudo indica que os preços serão melhores.
COLABOROU ADRIANA CHIARINI
Publicação: 01/03/07
Setor recuperou perdas de 2005 por doenças animais e problemas climáticos, mas pecuaristas acham que reação mesmo virá neste ano
José Maria Tomazela
A agropecuária, com crescimento de 6% no quarto trimestre de 2006 em relação ao mesmo período do ano anterior, foi o setor com o melhor desempenho nessa comparação, segundo pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, agropecuária cresceu 3,2%, recuperando-se do desempenho baixo, de 0,8%, de 2005, quando houve problemas climáticos e de doenças animais.
O café, com crescimento de 21%, foi o destaque no setor de agricultura em 2006, de acordo com a pesquisa. Milho, feijão, mandioca e laranja também aparecem como destaques positivos no ano passado, informou a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Os destaques negativos foram as produções de trigo, algodão, arroz e tomate.
Para o pesquisador Geraldo SantAna de Camargo Barros, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo, o agronegócio continua salvando a lavoura da economia. A confirmação de um crescimento muito pequeno no PIB indica uma virada concreta do setor depois de um longo período no vermelho. Muito pequeno, mas que insinua uma recuperação que pode se estender para o ano de 2007.
O setor agrícola, segundo Barros, foi responsável pelo agronegócio ficar no azul, já que a pecuária continua em queda, embora um pouco menos acentuada.
O presidente da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, Luiz Lourenço, acredita que a contribuição do agronegócio para o PIB será mais significativa este ano. O ano passado, avalia, não teve nada de bom. A crise de 2005 persistiu e ainda persiste em algumas regiões. Mas, agora, com a safra de verão sem problemas e os preços em recuperação, estamos animados. Além disso, avalia, a demanda pelo biocombustível está criando uma estrutura nova no mercado e dá ao produtor a garantia de que haverá liquidez.
Já o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, contestou o crescimento de 3,2% no PIB da agropecuária apontado pelo IBGE. A agropecuária não cresceu, e sim perdeu 2% em 2006, disse. Segundo ele, os cálculos utilizados pelo IBGE não levaram em consideração os preços correntes pagos em 2006, mas os preços constantes do ano anterior.
Mas, para este ano, a expectativa é mais positiva. Cotta prevê um crescimento de 5% na produção de grãos e de 3% na de leite, carne e ovos. Vamos ter uma safra recorde e tudo indica que os preços serão melhores.
COLABOROU ADRIANA CHIARINI