Publicação: 28/02/07
A indústria brasileira de café solúvel planeja importar 1 milhão de sacas do produto tipo robusta do Vietnã, na tentativa de garantir o suprimento este ano (em que a safra será menor no País). Mas esse plano não deve se concretizar: segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Lineu da Costa Lima, as vistorias que o governo realizará para autorizar a importação e as regulamentações que a indústria terá que atender para praticar o drawback (importação de matéria-prima que será usada em produto a ser depois exportado) não deverão sair nos próximos dois anos. “Precisamos assegurar que não haja risco de contaminação para outras culturas, enviar técnicos para conferir o produto e autorizar o embarque, entre outras providências. Leva tempo analisar o risco que existe nessa importação”, diz Lima.
A polêmica em torno do drawback está dividindo o setor. A indústria alega não ter a mesma competitividade dos concorrentes que importam café brasileiro com isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e do outro os produtores que estão perdendo rentabilidade. A maior mobilização contra o drawback parte do Espírito Santo, maior produtor brasileiro de Robusta. Hoje, prefeitos do estado irão se reunir com o ministro da Agricultura, Luís Guedes Pinto, para reivindicar medidas contra a importação visando proteger a economia de seus municípios.
Segundo o presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Antônio Joaquim Neto desde o anúncio de que o País pode importar café o preço já caiu cerca de R$ 30. “A indústria quer que o Brasil pare de produzir café”, avalia.
O diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel (Abics) , Mauro Malta, alega que o drawback foi estabelecido para estimular a competitividade do produto brasileiro. “A próxima safra será bem menor, precisamos antecipar as compras para ter a matéria-prima antes do período de escassez”, diz Malta.