Gama Jr/Divulgação – 17/6/05 | |
A cantora Virgínia Rosa se destaca com ‘Sampa’ |
Produzida por Burna Ribeiro, Francisco Conte, Katiuscia Zanatta, Júlio Roth e Vera Camillo, a série Fran’s café começa com quatro volumes de perfis variados, mas de sonoridades semelhantes: Samba, Instrumental, Chill house e MPBossa. Em comum, o clima adequado a servir de música de fundo, mas sem o tom pasteurizado das orquestras de ocasião ou a uniformidade de alguns discos de lounge music.
O melhor dos quatro volumes é dedicado ao samba. Com bom equilíbrio entre nomes de expressão – como Moacyr Luz (em ótima releitura do Samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa), Macalé (preciso em menos de dois minutos do Samba aristocrático, de Morengueira) e a Velha Guarda do Salgueiro –, o disco dá chance a bons e desconhecidos intérpretes, como Luciano Macedo, Wandinho e Riko Dorilêo. Além disso, recupera Casquinha, parceiro de Paulinho da Viola em Recado.
Menos variado, o volume MPBossa dá novo fôlego a um belo disco, não suficientemente divulgado, que reuniu Filó e Cibele Codonho, responsáveis por três das 14 faixas. Apresenta o desconhecido Sérgio Augusto em cinco faixas, entre temas próprios e versões descomplicadas de Balansamba e Ela é carioca. Baden (Garota de Ipanema), Luis Bergmamm (Aquarela do Brasil)e Tomati (Lígia) comparecem em seqüência bem-resolvida, que termina com a saborosa versão de Virgínia Rosa para Sampa, de Caetano Veloso.
Especialista na área, o produtor Rodrigo Ferrari é responsável pela seleção e mixagem das 14 faixas do volume Chill house, reunindo produtores e DJs de house brasileiros, como Vera Medina, Oil Filter e ele próprio. O disco pode não soar atraente aos iniciados, mas funciona como capuccino italiano para os leigos em busca de menu degustação. O quarto volume da série, dedicado à música instrumental, é uma seleção dos melhores momentos do excelente CD que uniu o baixista Arismar do Espírito Santo ao pianista Edsel Gómez e de disco do grupo Futricando. Uma boa chance de conhecer dois belos álbuns instrumentais pelo preço de um.
Fundado em 1972 na cidade paulista de Bauru, o Fran’s café comemora 35 anos oferecendo aos concorrentes um exemplo de como ligar marca tradicional à música independente de qualidade, sem abusar de clichês.