ÁFRICA QUER MAIS TECNOLOGIA E PREÇO ADEQUADO PARA AS MATÉRIAS-PRIMAS

15 de fevereiro de 2007 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: 15/02/2007 15:02:26 - G1

Jesús García Becerril


Cannes (França), 15 fev (EFE).- Líderes africanos reivindicaram hoje aos países desenvolvidos um maior acesso à tecnologia capaz de revalorizar suas matérias-primas, além de um preço adequado, para evitar especialmente a defasagem em relação aos produtos energéticos.


A 24ª cúpula de chefes de Estado africanos e da França, que começou hoje em Cannes (sul), foi centrada em estudar como levar à África os mesmos níveis de desenvolvimento econômico de outras partes do planeta, mas também como superar a defasagem tecnológica e reforçar seu peso político.


Divididos em diferentes mesas-redondas, vários líderes discursaram sob o lema “As matérias-primas”, indício de que se trata de um fator econômico básico.


Com 13% da população mundial, a África não atrai mais que 2% dos investimentos, e suas importações e exportações não ultrapassam 3% do comércio internacional.


Esses números dão uma idéia do atraso da região que, no entanto, possui riquezas naturais em forma de matérias-primas energéticas e em produtos agrícolas de destaque, como o café, o cacau e o algodão.


A presença durante muito tempo de companhias estrangeiras que exploravam e ainda exploram o subsolo e as terras não gerou um grande progresso material perceptível na população, embora a economia do continente cresça agora a um ritmo de 5,5%.


O presidente de Gana, John Kufuor, ressaltou que o desenvolvimento econômico está ligado à estabilidade e à paz da região, e por isso defendeu a garantia destas antes de abordar o assunto.


Kufuor disse que é preciso melhorar o preço das matérias-primas que a África exporta e, além disso, conseguir vendê-las ao exterior uma vez transformadas.


O presidente de Botsuana, Festus Mogae, pediu à comunidade internacional ajuda para levar aos países tecnologia necessária para a transformação das matérias-primas, sobretudo das energéticas, e assim acrescentar valor ao produto de origem.


Mogae introduziu um elemento de reflexão quando afirmou que cada vez mais a África desperta o interesse das economias emergentes, como a Índia e, especialmente, a China, país que organizou há alguns meses uma cúpula com líderes africanos e que quer ter sua cota de abastecimento de fontes energéticas.


O comissário europeu de Cooperação e Ajuda ao Desenvolvimento, Louis Michel, assinalou que esse crescente interesse de outros Estados pelas matérias-primas africanas deve se transformar em “um fator de força” para conquistar mais e melhor tecnologia.


Michel pediu aos dirigentes africanos que não caiam na “síndrome da dependência” das economias alheias e chamou a atenção sobre o papel do Estado para, com os recursos obtidos do comércio, impulsionar uma sociedade igualitária.


A África tem um terço das reservas minerais mundiais, para as quais quer um melhor tratamento quanto ao preço, o mesmo que em cultivos como os de cacau, café e algodão, que são os três produtos agrícolas mais exportados pelo continente.


No entanto, neste terreno a África enfrenta as divergências no capítulo agrícola dentro da Organização Mundial do Comércio e, sobretudo, com a política de tarifas e subvenções aplicadas pelos desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos.


Os países do Sael são os mais prejudicados por esse desacordo, já que o algodão representa 66% das entradas por exportação em Burkina Fasso, 60% no Benin e cerca de 30% em Mali e Togo.


Por isso, os líderes africanos reivindicaram hoje também a supressão dos subsídios internos, por entender que indicam uma distorção do comércio. EFE

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