Produtos como preservativos até seda para enrolar fumo estão, pouco a pouco, mudando o cenário das tradicionais bancas de revistas | ||
Mas, nem só de jornais e revistas sobrevive o mundo. Com as bancas não poderia ser diferente. Em um primeiro momento, a Banca Correio seria como qualquer outra. Chamadas de política, economia, aquecimento global, beleza, moda e comportamento, estampadas nas capas. Com olhar mais atento, aos poucos, outros produtos vão integrando as opções de compra. Precisa de um filme fotográfico? Ou um aparelho de barbear? Pilhas para o rádio? Deu uma vontade louca de comer paçoca e tomar chá verde gelado – não necessariamente juntos – ? Quem sabe levar para casa a flâmula de seu time do coração para casa? Sem problemas. Você pode até perguntar se ainda estamos em uma banca de revista ou em um armazém; seria até natural, mas estamos em uma banca. O proprietário Edson Taramelli revela que há 46 anos, tempo de existência do estabelecimento, as opções eram bastante reduzidas, se comparadas com a atualidade. ”Cerca de 80% eram só gibis, e 20% de outros produtos. Hoje, 10% gibis, 50% revistas e jornais, e 40% outros produtos. As revistas da época eram só a Manchete e O Cruzeiro. Depois tinha Seleções e Almanaque do Pensamento. Temos bons textos para ler hoje em dia, pois o nível de conteúdo melhorou muito”, refletiu. Além das possibilidades de compra citadas anteriormente, a máquina de café expresso é o que mais tem surpreendido Taramelli. ”A gente colocou sem muita pretensão, mas faz sucesso. É barato, gostoso e não depende de niguém. A pessoa só coloca a moedinha e escolhe a opção – café fraco, forte, com ou sem açúcar, capuccino, café com leite ou chocolate quente. Se não quiser, nem precisa dizer bom dia. Acaba virando um ritual. Com isso, a pessoa toma seu cafezinho, folheia as revistas e acaba comprando alguma”, contou, destacando a importância de o consumidor ”dar uma olhadinha” no que irá comprar. O comerciante explica que o aumento da variedade de produtos é uma adaptação às vontades dos clientes: ”Se três ou quatro clientes solicitam algo que não temos, vamos tentar providenciar. A gente tem que se adaptar à própria economia do país. Acrescentando outras coisa, você aumenta o mix de mercadorias. Vendemos o que o cliente quer”. O exemplo mais recente é a inclusão de guarda-chuva nas vendas, devido aos dias chuvosos que constantemente tem supreendido as pessoas desprevenidas. Assim como aquelas que procuram por preservativos, envelopes, caneta, isqueiro, cigarro, crédito para celulares pré-pagos, cartão telefônico, entre outros, também à venda na banca de Taramelli. Segundo ele, o estabelecimento acaba se transformando em um ponto de encontro. ”A gente faz muito amigo aqui. Isso anima a gente. Venho trabalhar com o coração cantando. Começo vendendo a partir das sete da manhã e fecho vendendo às 11 da noite. A gente trabalha 365 dias por ano; não pára no Natal, aniversário e nem casamento de sobrinho”, brincou. A estudante Mariana dos Santos Ferreira moradora próxima da banca, frequenta há cinco anos o espaço. ”Acho legal ter café aqui, pois acaba criando um ambiente mais propício à leitura. Ter outras opções é interessante para o cliente”, disse. De acordo com ela, a banca está situada em um espaço ”estratégico”. ”Por também estar próxima ao Zaqueu de Melo, Biblioteca Pública e Ouro Verde, sempre que tem algum evento, eu acabo me encontrando com meus amigos aqui”, destacou. |